DEPOIS DA TV, “LATITUDES” GANHA EDIÇÃO PARA O CINEMA.

Já dizia o ditado: “melhor sofrer em Paris”. É exatamente isso que fazem Olívia e José, o casal interpretado por Alice Braga e Daniel de Oliveira em “Latitudes”. Ela, uma sofisticada jornalista internacional de moda; ele, um fotógrafo respeitado que fotografa um pouco de tudo… menos moda. Ambos se encontram pelas esquinas do mundo, num raro momento de folga, e decidem partir para uma rápida noite de sexo, sem envolvimento emocional, sem perguntas, nem passados. Não funciona: o amor, ou pelo menos a paixão, insiste em se intrometer entre os dois.

Com este ponto de partida, o diretor Felipe Braga conta uma história de encontros e desencontros que perpassa três continentes e algumas das mais belas cidades do mundo. Se você acha que já viu isso antes, é possível: esta versão de “Latitudes” que chega agora aos cinemas é um novo corte da minissérie homônima exibida na TV e na internet em 2013.

O filme se apoia fortemente no binômio diálogos + belas imagens. Quanto às imagens, pode-se gostar ou não de uma certa estética publicitária da qual elas se revestem, onde belíssimos hotéis e luzes sedutoras dão ao filme uma atmosfera de propaganda de perfume caro. O que não é um demérito, mas uma opção estética que cai ou não no gosto de cada um. Particularmente, não tenho nada contra, mesmo porque os protagonistas são dois profissionais que vivem exatamente da glamurização das imagens, fazendo com que a opção se torne coerente.
Já os diálogos, eles não conseguem manter o interesse, a profundidade ou até mesmo a qualidade suficiente para sustentar um projeto que se mostra tão verbal e que, por isso mesmo, deveria ter tido um cuidado maior neste quesito. Encanta-se, sim, com a beleza das cidades visitadas e do visual que elas fatalmente acabam proporcionando, mas aos poucos perde-se o interesse no que deveria ser o cerne da trama: seus próprios personagens.

“Latitudes” é uma grande DR (discussão da relação) banhada por lindas paisagens internacionais e vivida por um casal eternamente sob a tensão de uma viagem próxima. Pena que Richard Linklater já tivesse explorado o tema anteriormente (e melhor) na sua trilogia “Antes do Por do Sol”, “Antes do Amanhecer” e “Antes da Meia Noite”. A comparação é inevitável.