“DESBRAVADORES” É SANGÜINOLÊNCIA COM ESTÉTICA DE VIDEOGAME

O filme norueguês “Ofelas”, de 1987 (batizado de “Pathfinder” no mercado internacional), marcou a estréia do também norueguês Marcus Nispel na direção de longas, e foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro naquela ocasião. Agora, 20 anos depois, o cineasta alemão Nils Gaup, o mesmo da versão 2003 de “O Massacre da Serra Elétrica”, retoma a idéia original de “Ofelas” e lança “Desbravadores”, uma co-produção envolvendo Canadá e EUA. O resultado é lamentável.
A ação se passa na América do Norte, 500 anos antes da chegada de Colombo. A primeira cena mostra o massacre que um estranho povo bárbaro e animalesco impõe à tripulação de um barco viking (sim, há indícios históricos de vikings na América, muito antes de Colombo), deixando apenas um garoto como sobrevivente. O menino é acolhido pelos nativos locais (que por sinal já falam inglês) e 15 anos depois desencadeia-se o sangrento “acerto de contas” entre o jovem viking e o povo que massacrou sua família. É com este raso fio de roteiro que “Desbravadores” exibe quase 100 minutos de uma carnificina sanguinária travestida de saga histórica, mas que na verdade se assemelha muito mais a um interminável videogame de pancadaria. A fotografia escura em tons azuis e negros ajuda a esconder o sangue, mas não torna o filme menos cansativo, principalmente por causa de sua insuportavelmente repetitiva trilha sonora que usa e abusa – e como abusa! – daqueles acordes fortes e graves misturados ao som de lâminas, tão explorados nos filmes de terror de segunda categoria.
Falado em inglês e islandês, “Desbravadores” não chegou a faturar nos cinemas dos EUA nem a metade dos seus custos de produção, estimados em US$ 26 milhões.