DESVENDANDO “O IMPÉRIO DE PIERRE CARDIN”.

Por Celso Sabadin.

Quando, no final do ano passado, li a notícia que Pierre Cardin havia falecido, me espantei: não sabia que ele ainda estava vivo. Afinal, mais que um nome, Pierre Cardin é uma marca, uma grife que parece ter existido desde sempre. Uma instituição.

Ao ver o documentário “O Império de Pierre Cardin”, estreando agora nos cinemas, me espantei novamente: seu império é muito maior que eu imaginava. Ainda que desenvolvido em linguagem institucional – quase publicitária – o filme é bastante eficiente em, digamos, efetivamente documentar as realizações do biografado. Como geralmente os materiais institucionais corporativos sabem fazer muito bem, diga-se.

Foram várias as surpresas. Pelo menos para mim. Entre elas, que ele era italiano, que a pronúncia original do seu sobrenome é de fato Cardin (e não “Cardãn”), que ele assinou o design de uma linha gigantesca de produtos que incluía de jogos de dominó a aviões, e principalmente que – no dizer do próprio Cardin – a moda era apenas o seu trabalho, mas sua paixão pessoal sempre foi o teatro. Também não sabia que ele foi pioneiro na abertura do mercado de moda na China e na União Soviética.

Só não ficou muito claro o início meio “mágico” de sua brilhante trajetória de menino paupérrimo do interior que – de repente – recebe uma dica aleatória de um médium e no momento seguinte já está em Paris desenhando os trajes de “A Bela e a Fera” para o clássico filme de Jean Cocteau. Ficou meio estranho, mas pensando bem são várias as biografias de famosos que apresentam inícios meio “milagrosos”.

Como cinema, “O Império de Pierre Cardin” – dirigido por P. David Ebersole e Todd Hughes – é hagiográfico e promocional, mas seu conteúdo é atrativo o suficiente para encobrir suas várias imperfeições.

O filme estreia nos cinemas nesta quinta, 14 de janeiro.