DIGNIDADE, ÉTICA E “GLORY”.

Por Celso Sabadin. 

“Glory” é uma coprodução greco-búlgara que se passa em Sófia. Mas que fala de perto a qualquer cultura que tenha por hábito esmagar e humilhar o indivíduo em nome do abuso de poder e da dominação política. Em outras palavras, “Glory” é um filme mundial, já que o planeta anda craque nesta arte de anular as individualidades.

Tudo começa quando o ferroviário Petrov se vê diante de uma encruzilhada ética. E, na contramão da moral mundial, opta pela honestidade. Sua opção é imediatamente cooptada pelo governo local que, como não podia deixar de ser, sofre com denúncias de corrupção. A oportunidade de transformar Petrov num herói a serviço da Pátria é aproveitada, ainda que atabalhoadamente, assim como atabalhoadas, oportunistas e calhordas são todas as decisões governamentais tomadas com o único propósito de construção de imagem midiática. Sófia é aqui.

A incompetência das ações do estado muito rapidamente – e põe rapidamente nisso – atropelam a dignidade do operário que, usado e abusado para fins promocionais é, ato contínuo, cuspido de volta à sua insignificância. O homem comum, porém, é capaz de grandes surpresas quando ferido em sua honra.

Honra, exploração, sujeira política, a construção de falsas identidades… são tantos os temas levantados por “Glory” que chega a ser fascinante a maneira sóbria e não panfletária com a qual a dupla de roteiristas e diretores Kristina Grozeva e Petar Valchanov (ou deveria ser roteiristxs e diretorxs ?) conduz o filme.

“Glory” traz em sua estrutura fílmica e dramatúrgica a mesma dignidade que conduz seu protagonista. Não por acaso, já acumula mais de 30 premiações internacionais.

A estreia é em 14 de setembro.