DIRETOR DE “JOGOS MORTAIS” ACERTA NOVAMENTE EM “INVOCAÇÃO DO MAL”.

Há, sim, motivos bem palpáveis que fazem de “Invocação do Mal” um filme de terror superior à média do que temos visto no gênero, nos últimos anos. Em primeiro lugar, o fato da média dos últimos anos não ser exatamente muito alta.
Some-se a isso a famosa expressão “baseada em histórias reais” que o filme orgulhosamente agrega. Todos conhecemos a elasticidade da expressão, e como muitas vezes o termo “baseado” poderia ser substituído por “muito levemente inspirado só um pouquinho”, mas não importa: só em saber que o que estamos vendo na tela pode ter alguma conexão com a verdade, ainda que de forma muito tênue, já faz o filme crescer no nosso imaginário e nos nossos medos.

E há também, claro, o talento do diretor malaio James Wan, o mesmo do “Jogos Mortais” original (e que já está filmando o sétimo “Velozes e Furiosos”). Diferente de outros cineastas do gênero terror que preferem assustar seus espectadores usando o recurso simplista de aumentar o som na cena crucial, Wan sabe trabalhar a força das imagens, conferindo-lhes a densidade necessária para a construção cênica do medo que se transforma, no tempo apropriado, sem pressa, em horror.

O ponto de partida é o casal de investigadores de fenômenos paranormais Ed (Patrick Wilson, de “Prometheus”) e Lorraine Warren (a ótima Vera Farmiga, de “Amor Sem Escalas”). Eles são chamados para ajudar uma grande família (casal e 5 filhas) apavorada por acontecimentos cada vez mais estranhos que os aterrorizam num velho casarão isolado.
Com referências a, entre outros, “Poltergeist” e “Os Pássaros”, James Wan soube usar os velhos clichês do gênero como elementos narrativos de sua história, e não apenas como vazios “velhos clichês”, como já diz velho clichê. Levando o clima de terror para a própria equipe do filme, tudo foi rodado em ordem cronológica, para que o horror fosse de fato crescente, e sem dúvida o fato da história ser toda ambientada nos anos 70 dá um charme todos especial a “Invocação do Mal”.
Vários técnicos da equipe do filme “Sobrenatural”, que Wan dirigiu em 2010, trabalharam novamente com o diretor neste projeto. Entre eles, o diretor de fotografia John Leonetti, o editor Kirk Morri, a figurinista Kristin M. Burke, além de sua diretora de arte em “Jogos Mortais”, Julie Berghoff.
A turminha tem dado certo: com um orçamento de produção estimado pelo site especializado Imdb em US$ 20 milhões (modesto para os padrões americanos), “Invocação do Mal”já multiplicou este número por 7 apenas nas bilheterias dos Estados Unidos.