DIRETOR ESTREANTE FAZ DE “CULPA” UM SUSPENSE ELETRIZANTE.

Por Celso Sabadin.

Tenho uma atração especial por filmes que exploram situações limite. Como, por exemplo, manter um protagonista praticamente solitário sustentando uma situação dramática num espaço único durante uma hora e meia e, ainda assim, deixar o público eletrizado. Este é o caso do ótimo “Culpa”, longa escolhido pela da Dinamarca para representar o país no próximo Oscar.

Tudo se passa em apenas uma noite, dentro de um departamento da polícia dedicado especificamente ao atendimento telefônico e encaminhamento de chamadas de emergência. É ali que o policial Asger Holm (Jakob Cedergren, em ótima interpretação, comandando o filme quase sozinho) atende a uma ligação de emergência do que parece ser uma mulher sequestrada.

Com muita habilidade, o roteiro vai revelando em doses homeopáticas os elementos que comporão um grande painel que só será plenamente solucionado na última cena, desde a discutível trajetória profissional de Holm, até os detalhes dos envolvidos nas ligações emergenciais, passando pelas diversas motivações psicológicas e comportamentais dos personagens, boa parte deles presentes apenas através dos áudios de seus telefonemas. O tom crescente do suspense, aliado à força das atuações explicitadas apenas por vozes – o que potencializa fortemente a capacidade imaginativa do público – fazem de “Culpa” uma mais do que promissora estreia em longas do cineasta Gustav Möller.

A obra levou o prêmio de Melhor Filme do Júri Oficial e Melhor Filme segundo voto Popular no 6o BIFF – Festival Internacional de Cinema de Brasília.