DIRETORA ESTREANTE SURPREENDE COM O SENSÍVEL “CARAMELO”.

Beirute, tempos atuais. Trabalhando no universo supostamente fútil de um salão beleza, três mulheres vivem seus – também supostamente – pequenos problemas do dia-a-dia. A bela Layal (Nadine Labaki) tem sua vida travada por um romance proibido com um homem casado. Repleta de inseguranças e medos, Nisrine (Yasmine Al Masri) demonstra claros sintomas de TPC – Tensão Pré-Casamento. E Rima (Joanna Moukarzel) vive situações difíceis com sua sexualidade.

A grande amizade e a profunda cumplicidade que une estas três mulheres formam o ponto alto de “Caramelo”, co-produção franco-libanesa que ganhou 3 prêmios no Festival de San Sebastian. Nada em “Caramelo” transparece que sua diretora (e também co-roteirista) é totalmente estreante em longas-metragens. Trata-se da atriz libanesa Nadine Labaki, também protagonista do filme. Simultaneamente, ela consegue dar um show tanto de interpretação, como de direção, ao demonstrar grande segurança na difícil mistura de drama, romance e comédia que se propõe a fazer. E consegue com louvor.

Sensível, a trama jamais cai no sentimentalismo barato, e ainda se dá ao luxo de trabalhar uma interessantíssima plêiade de personagens secundários. Tais como uma dedicada costureira que passou a vida cuidando da irmã mais velha, ou um velho senhor que gosta de usar calças de bainhas curtas.
Trazendo pontos em comum com o também belo “Instituto de Beleza Vênus”, “Caramelo” oferece momentos de grande poesia cinematográfica. Como o “diálogo” surdo da protagonista com um guarda de trânsito apaixonado, dividido pelos vidros e vitrines do Salão de Beleza e de um bar. E principalmente a tragicômica personagem Rose (Sihame Haddad), que na tentativa de esconder a idade, cria artimanhas para fazer com que acreditem que ela ainda não chegou na menopausa. Um primor de cruel melancolia.