DIRIGIDO POR HOMEM, FILME SOBRE FEMINISMO GANHA TOM DE COMÉDIA.

Por Celso Sabadin.

Um desafio interessante: a partir de um caso real, fazer um filme sobre uma mulher que, após a morte do marido, percebe que a escola para garotas que ela comanda na verdade é uma ferramenta de dominação machista. E mostrar a transformação desta protagonista em pessoa consciente dos direitos das mulheres. Ah, e fazer com que o filme em questão seja uma comédia… com toques de musical.
Tal desafio – a princípio um pouco estranho – foi cumprido com louvor pelo diretor Martin Provost em “A Boa Esposa”, que estreia em 17 de junho.

Com roteiro do próprio diretor em parceria com Séverine Werba (só faltava um filme desses não ter pelo menos uma corroteirista mulher!), “A Boa Esposa” aborda a questão das “écoles menagères” (escolas domésticas), tradicionais instituições que ensinavam às jovens todas as “habilidades” necessárias ao ingresso na vida adulta. Como lavar, passar, cozinhar, costurar, cuidar de crianças e – claro – fazer tudo o que o maridão quisesse. Sem reclamar. Porém, tal modo de vida é cada vez mais difícil de ser justificado, principalmente quando o mundo em geral e a França em particular caminham para o icônico mês de maio de 1968, momento em que a sociedade entrou em ebulição social e política.

Tal transformação é mostrada no filme através de Paulette Van Der Beck (Juliette Binoche), cujo marido dirige uma destas escolas, e que repentinamente se vê em uma posição de protagonismo com a qual nem ela própria imaginaria.
Minha esposa, que viu o filme comigo, afirma categoricamente que o “turning pont” na vida de Paulette acontece no momento em que ela percebe que pode, sim, ser dona de uma conta bancária e de um talão de cheques. E eu não sou bobo de discordar dela, principalmente vendo este filme.