“DOCE ENTARDECER NA TOSCANA” EQUIPARA CULTURA EUROPEIA AO TERRORISMO.

Por Celso Sabadin.
 
Produzido pela Polônia, “Doce Entardecer na Toscana” mexe numa ferida polêmica que poucos – ou praticamente ninguém – gosta de abordar: a tão festejada e invejada civilização europeia seria, em sua essência, tão diferente assim das culturas que promovem o terrorismo? A ação predatória e assassina do colonialismo difere tanto assim de um carro-bomba?
A provocação é levantada pela personagem Marie Linde (a veterana Krystyna Janda, melhor atriz em Sundance por este filme), escritora polonesa refugiada do nazismo na Segunda Guerra e radicada na Itália. Ao receber uma homenagem na pequena cidade toscana onde vive, Marie Linde solta seu pequeno, sincero e arrasador discurso, tornando-se centro das atenções mundiais. Potencializando a questão já polêmica por si só, explodem dois fatos simultâneos, sendo um, mundial outro pessoal: um trágico atentado em Roma, e a revelação do romance entre a escritora e um egípcio.
Estão abertos os caminhos para uma das ações mais recorrentes na nossa contemporaneidade: o linchamento público. Que, no caso do filme, não é apenas simbólico.
 
Vale lembrar que Krystyna Janda é uma das principais atrizes da Polônia, tendo atuado em mais de 70 filmes, séries e peças de teatro. Ela foi a atriz principal de importantes filmes de Andrzej Wajda, como “O Homem de Mármore” (1977) e O Maestro (1980), e em muitos longas consagrados internacionalmente, como “Mephisto” (1981), e “Interrogation” (1989).
 
A direção de “Doce Entardecer na Toscana” é do polonês Jacek Borcuch, o mesmo de “Tudo que eu Amo” (2009), com roteiro dele mesmo em parceria com Marcin Cecko e Szczepan Twardoch.
 
Para pensar.