“DOUTORA LIZA” É DESTAQUE NO FESTIVAL DE CINEMA RUSSO.

Por Celso Sabadin.

Começa hoje, 16 de setembro, e vai até 10 de outubro a segunda edição do Festival de Cinema Russo no Brasil, que traz oito longas-metragens inéditos por aqui e – importante – recentes: todos são produções de 2018 a 2021.

O Planeta Tela publicará resenhas críticas de todos eles, começando hoje pelo perturbador “Doutora Liza”, de 2020. A partir da história real de Elizaveta Petrovna Glinka (interpretada por Chulpan Khamatova, a Lara de “Adeus, Lenin!”), o roteiro do estreante Aleksey Ilyushkin mostra um dia na vida desta Doutora Liza, médica e ativista dos direitos humanos que sabe que é preciso subverter a lei e a (suposta) ordem para tentar quebrar a interminável cadeia de injustiças sociais que oprime a maior parte da população.

Neste dia em especial abordado pelo filme, Liza não hesita em roubar morfina de um hospital para socorrer um pai desesperado que necessita do medicamento para sua filha, mas é impedido pela estupidez da burocracia estatal. A pequena dose de morfina é apenas a ponta de um gigantesco e injusto iceberg de incompetências administrativas que a Doutora sabe que jamais romperá através das vias tidas como normais. Mais que necessária, a transgressão é vital.

A diretora Oksana Karas conduz o filme de maneira linear e clássica, equilibrando com muita habilidade suas distintas narrativas que envolvem questões humanitárias, políticas, pessoais e até policiais. Tudo isso sem sucumbir à facilidade do melodramático que o tema poderia proporcionar, muito menos à armadilha do panfletarismo ideológico, aqui também sabiamente evitada.

Ágil e intenso, “Doutora Liza” foi indicado a cinco prêmios Nika – o principal da Rússia – ganhando os de melhor atriz (para a protagonista) e melhor atriz coadjuvante para Tatyana Dogileva, no papel de Tanyokha.

Os filmes do 2º Festival do Cinema Russo são disponivbilizados gratuitamente pela Supo Mungam Plus, em parceria com a Spcine Play, pelo link www.spcineplay.com.br