DUAS ESTREIAS, DOIS ESTILOS, QUATRO PRIMOS.

Por Celso Sabadin.

Coincidência ou não (há quem diga que coincidências não existem), duas estreias deste final de semana abordam tramas dramáticas envolvendo primos: “Hudson – Os Altos de Baixos da Vida” e “Madrugada em Paris”.

A produção estadunidense “Hudson” (que no Brasil ganha o subtítulo mencionado acima) fala de Ryan (Gregory Lay), um ator pouco ou nada famoso que sai de Nova York para dar uma força ao primo Hudson (David Neal Levin). Após ficar órfão, Hudson está deprimido e solitário em sua grande casa no interior, e pede a ajuda de Ryan para viajar até um lugar especial na infância de ambos, onde pretende espalhar as cinzas da mãe.

“Hudson” se desenvolve então seguindo os cânones tradicionais do chamado “road moive”, em que os protagonistas são confrontados com um misto de dificuldades, situações dramáticas e cômicas e – claro – revelações de segredos do passado, enquanto rumam ao tão almejado destino.

O roteiro – escrito pelo diretor estreante em longas Sean Daniel Cunningham, em parceria com o próprio Gregory Lay – não chega a se destacar pela originalidade. Porém, tal deficiência é compensada pela direção precisa do próprio Cunningham, que se mostra eficiente na criação de climas, construção de personagens, ritmo e habilidade de prender a atenção do público, mesmo sem ter em mãos um material de grande força.

Vencedor de 10 prêmios em festivais de menor porte realizados pelo interior dos EUA, “Hudson – Os Altos e Baixos da Vida” já está disponível na plataforma www.cinemavirtual.com.br

 

Madrugada em Paris

Nas salas de cinema, a estreia é “Madrugada em Paris”, longa que também coloca dois primos em rota de colisão: o médico Mikael (Vincent Macaigne) e o empresário do setor farmacêutico Dimitri (Pio Marmaï), ambos atuando em um esquema ilegal de prescrições e venda de medicamentos controlados. Mikael acredita que sua contravenção seja um ato político, na medida em que auxilia dependentes químicos excluídos pela sociedade; mas Dimitri só tem olhos para os lucros que o negócio traz. Suas percepções conflitantes inevitavelmente caminharão para um conflito de resolução difícil ou impossível.

Com roteiro de Agnès Feuvre em parceria com o próprio diretor, Elie Wajeman, “Madrugada em Paris” concentra sua vigorosa intensidade dramática no decorrer de apenas uma noite na capital francesa. Uma noite de tensões crescentes que se multiplicam em desdobramentos pessoais e familiares de alta voltagem capazes de prender fortemente o espectador em sua poltrona. A própria noite, com seus fascinantes personagens marginais, é um dos grandes atrativos do longa, como acontecia nos antigos filmes policiais estilo noir.

“Madrugada em Paris” já está em cartaz nas salas de Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.