“DUPLA IMPLACÁVEL” NÃO DIZ A QUE VEIO.

Antes de mais nada, uma explicação: este “Dupla Implacável” nada tem a ver com o filme homônimo de 1994. Trata-se apenas da “tradução” criada pela distribuidora brasileira do original “From Paris, With Love”, que por sua vez brinca com o clássico da espionagem “From Russia, With Love”.

A história fala de James (o irlandês Jonathan Rhys Meyers de “Match Point – Ponto final”), assessor especial do embaixador norte-americano em Paris, que de quebra faz uns “bicos” de espionagem para seu patrão. Coisa pouca, serviço de “espião peão”. O que James (até nome de agente secreto ele tem) não sabia é que de uma hora para outra ele iria se envolver até o pescoço com a espionagem barra pesada, aquela que a gente só vê no cinema, repleta de tiroteios e inacreditáveis perseguições. Isto acontece quando ele conhece o americano Charlie Wax (John Travolta, gordo e careca), um policial enviado a Paris para tentar evitar um suposto ataque terrorista.

Na verdade esta trama de suposto ataque terrorista, e outras que aparecerão pelo caminho, nada mais são que uma fina (e põe fina nisso) linha narrativa que pretende costurar uma sequência pouco convincente de momentos de ação. Pretende; não consegue. Lá pelo meio do filme o público até se esquece porque a tal dupla implacável corre tanto pra cá e pra lá, e por que eles estão explodindo tantas coisas. Nada contra os filmes de ação; pelo contrário. Mas um pouquinho de conteúdo (ou pelo menos de bom humor) seria bem-vindo.

O autor da história é o festejado cineasta francês Luc Besson, que depois de dirigir sucessos como “Imensidão Azul” e “O Profissional” partiu para a produção de um cinema mais comercial, fazendo do modelo norte-americano o seu padrão de referência.

“Dupla Implacável” marca a estréia na direção de longas do também francês Pierre Morel, vindo da televisão. Uma estreia nada promissora, não apenas pelo resultado do filme em si como também pela resposta da bilheteria: apesar de ter tido um bom lançamento nos EUA (com quase 3 mil salas), o filme por ali não pagou nem metade de seus custos, estimados em US$ 50 milhões.

E para não dizer que eu não falei de flores, “Dupla Implacável” vale, pelo menos, por duas belezas: a atriz polonesa Kasla Smutniak no papel feminino principal e, claro… locações em Paris.