É PRECISO FÔLEGO PARA ACOMPANHAR O MANEIRISTA GREENAWAY E SEU FRENÉTICO, “QUE VIVA EISENSTEIN!”.

Por Celso Sabadin.

Ficou estranho. Transformar Sergei Eisenstein, um dos grandes mestres de toda a história do cinema, numa figura cômica, quase patética, ficou bem estranho. Por outro lado, estranheza é o mínimo que se espera do diretor galês Peter Greenaway, um dos marcos cinematográficos dos anos 80, autor de filmes como  “Afogando em Números” e “O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante”, entre outros.

Com roteiro de sua própria autoria, Greenaway cria uma espécie de insana alegoria sobre a viagem (verdadeira) do russo Eisenstein ao México. A chegada do consagrado diretor de “Greve”, “Outubro”e “Encouraçado Potemkim” à tórrida Guanajuato, teria fritado os miolos de Eisenstein e libertado de sua gélida carapaça soviética os seus mais escondidos desejos sexuais. Pelo menos na visão de Greenaway. Difícil diferenciar, no filme, o que poderia ter sido verdade e o que é pura viagem do diretor. O que também não é importante.  O fato é que, dentro de uma estética que lembra os antigos desenhos de Pernalonga, o filme atira freneticamente sobre o público uma grande quantidade de informações tanto ficcionais quanto documentais que, somadas aos já famosos excessivos maneirismos estilísticos e visuais de Greenaway, acabam resultando num trabalho cansativo que beira o histerismo.

Selecionado para concorrer em Berlim e vencedor do Festival de Sevilla, “Que Viva Eisenstein!” tem uma continuação prometida para 2016: “The Einsenstein Handshakes”, do mesmo Greenaway.