“EDUCAR E RESISTIR” MOSTRA QUE EDUCAR É RESISTIR.
Por Celso Sabadin.
Confesso que eu estava – digamos – resistente em assistir a “Educar e Resistir”. Num primeiro momento, a proposta me soava a um documentário institucional sobre o Colégio Equipe. Ainda bem que eu estava enganado: mesmo que o filme apresente um inevitável viés publicitário, ele é bem mais que isso.
Nascido em meio à repressão dos anos de chumbo da ditadura de 1964, o Colégio Equipe desde sua origem se configura como um espaço de resistência para educadores e estudantes dispostos a fazer alguma diferença no cenário político brasileiro.
Não apenas em função de seu projeto pedagógico que prioriza o pensamento livre, a instituição também se abriu a importantes manifestações antiditadura, abrigando shows de, entre outros, Gilberto Gil, Tom Zé, Paulinho da Viola e Clementina de Jesus, organizados pelo então aluno Serginho Groisman. Figuras conhecidas das artes e da política como os Titãs, Laís Bodansky, Cláudio Tozzi, Cao Hamburger e Guilherme Boulos, entre muitos outros, também passaram pelas diversas sedes do Equipe.
Farto em registros históricos, e unindo o passado ao presente, o longa comemora com muita consciência política os 50 anos do Colégio Equipe, que acabou se transformando num marco da cidade de São Paulo.
Destaque para a cena na qual um aluno, nos dias atuais, diz ser importante compreender o passado de lutas da instituição, mas afirma só ver uma neblina quando olha para o futuro.
Particularmente, eu só faria uma micro intervenção no título, colocando um acento agudo no “e”.
“Educar e Resistir” tem roteiro e direção de três cineastas e ex-alunos do Equipe: Moira Toledo, Paulo Pastorelo e Renata Druck. Estreia dia 7 de setembro – a partir das 0h – gratuitamente no Canal de Youtube do Colégio Equipe: https://www.youtube.com/ColegioEquipeYT
Os cineastas:
Paulo Pastorelo é arquiteto, urbanista e cineasta especializado em documentários. Foi diretor dos filmes: “Viva o Cinema!” (2017); “Tokiori – Dobras do Tempo” (2013); o curta “Paisagens da Memória – Vila Nova Cachoeirinha” (2010); “Elevado 3.5″ (2007), em co-direção com João Sodré e Maíra Bühler, prêmio de melhor filme no 12° Festival É Tudo Verdade; e o média-metragem “Vale o Homem seus Pertences” (2005).
Renata Druck é graduada em cinema e dedica-se à realização de documentários, como o premiado “Nasceu Bebê Diabo em São Paulo” (2002) e “Um Rio Invisível” (2009). Dirigiu também a série de TV “Palavras Permanecem” (2018). Há 6 anos, dirige e produz filmes para o canal da Revista Pesquisa Fapesp, revista de divulgação científica publicada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Moira Toledo dirigiu diversos curtas-metragens ficcionais, programas documentais e médias-metragens para TV. É coordenador pedagógico do projeto Minuto Escola, voltado à formação de professores da rede pública para uso do audiovisual e professor de cinema da FAAP, ambos desde 2010. Bacharel em Cinema – FAAP-SP (2002), mestre em Comunicação e Semiótica – PUC-SP (2004) e doutor em Ciências da Comunicação – ECA/USP-SP (2010), concluiu Pós-doutorado em Educação na UFRJ em 2019. Há vinte anos vem atuando como consultor e coordenador pedagógico em projetos culturais e sociais envolvendo cinema e educação audiovisual em ONGs como o Instituto Criar e o Itaú Cultural, dentre outras; e em parceria com Secretarias de Educação e Cultura.

