“EGON SCHIELE – MORTE E DONZELA”, OU A ARTE CONTRA O CONFORMISMO.

Por Celso Sabadin.

Um dos conflitos mais presentes e recorrentes da Humanidade é o tema central de “Egon Schiele – Morte e Donzela”: a eterna luta entre a liberdade criativa da arte contra a castração retrógada do pensamento puritano. Tal bipolaridade típica e milenar do comportamento humano é aqui retratada através do artista plástico austríaco Egon Schiele, um dos nomes mais representativos da pintura expressionista da virada do século 19.

Coproduzido por Áustria e Luxemburgo, o filme opta por uma narrativa clássica dentro do subgênero das cinebiografias, ao mostrar a trajetória do jovem artista dentro de um padrão estético tradicional. De certa forma, trata-se de um filme impressionista que retrata um pintor expressionista. O contraste faz bem ao longa.

“Egon Schiele – Morte e Donzela” é eficiente ao retratar a efervescência artística e comportamental do período, confrontando a alma libertária de quem é movido pela força propulsora da arte e da criação às atitudes castradoras dos que ainda se prendem a conceitos de total conservadorismo dentro de uma sociedade que tenta – mas não consegue – mergulhar no novo século que se arvora moderno, mas que ainda se choca com a nudez. Sem deixar de lado um certo tom paternalista ao explorar o egocentrismo do protagonista que – ao se colocar como centro e prioridade total de todas as situações em que se envolve na vida- acaba por se transformar em agente de dores e injustiças das quais ele próprio se sentia vítima. Egon se confronta com o próprio Ego.

Baseado no livro de Hilde Berger “A Morte e a Donzela”, o filme tem direção do austríaco Dieter Berner, também coautor do roteiro, em parceria com o próprio escritor do livro. A estreia é em 19 de julho.