EM “2012”, EMMERICH DESTROI O MUNDO OUTRA VEZ.

Sim, Roland Emmerich destruiu o mundo novamente. Não satisfeito em acabar com o nosso planeta em “Independence Day”, o cineasta alemão volta agora às suas hecatombes no espetacular e espetaculoso “2012”, filme que mostra as mais sensacionais cenas de destruição que um computador pode realizar. Até hoje, é claro.

Desta vez, porém, a ameaça não vem de fora, dos alienígenas, mas sim de uma raríssima conjugação de astros que, aliada a fortes explosões solares e a um, sei lá… quem se importa? O mundo vai explodir de dentro pra fora, e é isso que vale. Queremos ver carros voando, cidades sendo submersas, viadutos se retorcendo, fortes explosões e destruição em escala jamais imaginada. E, neste quesito, o filme cumpre o que promete: Emmerich cria fugas e destruições apocalípticas que transformam a tela de cinema no maior monitor de video game jamais visto. Com direito a um ritmo alucinante, algumas boas sacadas de bom humor e até – pasmem – a algumas críticas sócio-político-econômicas contra a ganância dos poderosos. Nada que supere a profundidade de um pires, é claro, e afinal esta nem é a proposta do filme. Mas fica o registro, para que ninguém acuse o cineasta de alienado.

A estrutura de roteiro é igual aos velhos filmes-catástrofe dos anos 70, tipo “Inferno na Torre” e “Terremoto”, por exemplo: aos poucos vão se apresentando os núcleos principais de personagens que se encontrarão na tragédia. Há o poderoso a ser castigado, o heroi da área técnica, a família criada para a rápida identificação com a maior parte do público, brigas e desavenças que assumem proporções minimesimais diante da enormidade da destruição, gente divertida, gente pentelha, enfim, tudo está lá.

Assim como já havia feito em “Independence Day”, Emmerich não pretende evitar os clichês, mas sim espetacularizá-los à máxima potência. Afinal, trata-se de um filme que fala de inundação mundial, arca da salvação, e onde o filho do heroi se chama Noah (Noé). O detalhe é que, nesta Era Obama, há uma maior profusão de atores/herois negros. O presidente dos EUA, por exemplo, é Danny Glover (um Obama envelhecido?).

Quando a ação finalmente começa, entram em cena a tecnologia de última geração, os softwares hollywoodianos capazes de tudo, os US$ 260 milhões investidos na produção. E se deixarmos nosso senso de lógica na posíção “mínimo”, seremos levados a uma inacreditável viagem onde acreditaremos que é possível a crosta terrestre mudar de posição sem que isso afete um gigantesco empreendimento subterrâneo capitaneado pelas principais nações do mundo. Seremos induzidos a acreditar que continentes possam se unir para ajudar a empreitada dos nossos herois capitaneados por John Cusack. Afinal, não é este o tipo de fantasia que esperamos do cinema? Não é esta a brincadeira? Pedir conteúdo seria exagero. E provavelmente ninguém reclamará de falta de emoção, após 3 horas de muita destruição e muita correria.

Ah, um detalhe final especial para o público brasileiro: a famosa cena do Cristo Redentor sendo destruído, que vemos nos trailers, está ainda menor no filme. Tem uns 3 segundos, se tanto. Pelo jeito, as Olimpíadas estão confirmadas para 2016.