EM “BOBBY”, SITUAÇÃO DE 1968 CONTINUA ATUAL

1968. O mundo está em ebulição. Na América do Sul, protestos contra as cruéis ditaduras. Na França, manifestações estudantis exigem mudanças, e nos Estados Unidos multidões vão às ruas contra a Guerra do Vietnã. Martin Luther King é assassinado, mas há uma chance de paz para o planeta: Bob Kennedy é candidato à presidência do maior país do mundo.
Com fala pacífica, discurso anti-bélico e de igualdades social e racial, Bob enche os cidadãos norte-americanos de esperança ao propor um país sem violência. As pessoas o admiram, o seguem e querem tocá-lo, como se isso de alguma forma pudesse mudar suas vidas. E o filme “Bobby”, escrito e dirigido por Emilio Estevez, mostra exatamente a euforia destas pessoas sintetizada em 22 personagens (alguns fictícios, outros não) que se concentram no Hotel Ambassador, local que viria a se transformar no palco de uma tragédia anunciada.
Entre as pequenas histórias contadas no filme, estão entre as mais emocionantes a que narra a solidariedade de uma jovem que se casa com um colega para evitar que ele vá para o Vietnã, e a dos latinos e negros que acreditam realmente que Bob possa acertar a equação da desigualdade.
“Bobby” é ilustrado com vários trechos reais de discursos que cabem muito bem na realidade atual, onde a maioria está insatisfeita com a situação violenta e bélica em que os EUA se encontram. São discursos que pregam um mundo possível sem guerra e sem desigualdade. Mas tudo isso era muito bom para ser verdade: Bob é assassinado na Califórnia e junto com ele morre a chance da paz. O novo presidente assume e sustenta uma guerra sem propósitos. E é nesta parte do filme que se faz imediatamente uma ponte com os dias de hoje, com outro presidente e outra guerra. O que está faltando é um outro Bob para encorajar os jovens incrédulos com esta situação.