EM “DVD”, CINZAS E DIAMANTES EXPÕE AS CONTRADIÇÕES POLÍTICAS DO PÓS SEGUNDA GUERRA.

Por Celso Sabadin

 

A Alemanha acaba de perder a Guerra. Na Polônia, um dos países mais destruídos pelo conflito, Maciek (Zbigniew Cybulski), um jovem militante do movimento de resistência de seu país, é designado para matar Szczuka (Waclaw Zastrzezynski), o líder comunista da região.

O conflito mundial nem bem terminara, e já mostrava as profundas feridas dos paradoxos políticos que permeariam as próximas décadas: após anos lutando contra nazistas, agora o rapaz precisava eliminar comunistas. E esta não seria a única contradição que Maciek viveria: em meio à destruição, ao caos e as incertezas de seu país que luta pela liberdade, ele consegue abrir dentro de si uma brecha para o amor, e se apaixona pela bela Krystyna (a estreante (Ewa Krzyzewska).

 

Esta é a história de “Cinzas e Diamantes”, produção polonesa de 1958 adaptada do livro de Jerzy Andrzejewski, e dirigida por Andrej Wajda, que se tornaria um dos cineastas mais importantes da segunda metade do século 20. O filme faz parte da embalagem especial Wajda, lançada pelo selo Obras Primas.

 

Neste seu terceiro longa, Wajda já se mostra um hábil estilista da imagem e da narrativa. Longos planos fechados com intensa movimentação de extras e coadjuvantes ao fundo, aliados a enquadramentos  “wellianos” que remetem aos famoso tetos de “Cidadão Kane” dão à obra uma forte marca estética.

Vencedor do prêmio da crítica internacional no Festival de Veneza. “Cinzas e Diamantes” alavancou a carreira internacional de Wajda, que mais tarde realizaria grandes obras como “O Homem de Mármore” e “O Homem de Ferro” e “A Terra Prometida”, entre outros, que também compõem esta coleção especial lançada pelo selo Obras Primas.

 

O que ninguém poderia supor, nem o controverso personagem Maciek, matador de nazistas e comunistas, é que mais de 70 anos após o término da Segunda Guerra um maluco na América do Sul declararia que o comunismo é um movimento nazista…