EM DVD, “COLOSSUS 1980” IMAGINA FUTURO SOMBRIO E INGÊNUO.  

Por Celso Sabadin.

Uma das grandes diversões que o cinema proporciona é assistir a antigas ficções científicas e tentar perceber a visão que as gerações anteriores tinham do que poderia vir a ser o futuro. Neste sentido “Colossus 1980”, que faz parte da coleção Clássicos Sci-Fi Volume 3, da Versátil, é um delicioso achado.

Ambientado em 1980 e produzido em 1970, o longa é baseado no livro que o inglês D.F. Jones (que mania esta dos escritores britânicos assinarem com duas iniciais seguidas pelo sobrenome!) publicou em 1966. Jones trabalhou junto aos setores de inteligência britânicos durante a Segunda Guerra, acompanhando os trabalhos de criptografia.

A trama fala de um mega giga blaster computador, construído em segredo pelos EUA no interior de uma montanha, cuja função é controlar simplesmente… tudo. O argumento dos cientistas e do governo é que o tal computador – batizado como Colossus 1980 – só tomaria decisões corretas e racionais, evitando-se, por exemplo, que mísseis atômicos fossem lançados por causa de algum tipo de decisão passional humana. Sim, vale lembrar que o livro foi escrito ainda no calor da Guerra Fria, muito pouco tempo após a crise na Baía dos Porcos, que quase nos levou a todos pelos ares.

Também vale lembrar que ele foi lançado apenas dois anos após o grande clássico “2001 – Uma Odisseia do Espaço”, o que justifica o fato de uma das primeiríssimas questões levantadas em “Colossus 1980” abordar a possibilidade da máquina desenvolver inteligência própria e partir para a destruição. Obviamente, isso é peremptoriamente negado pelos cientistas. E, também obviamente, é exatamente o que vai acontecer.

A boa sacada do roteiro é o fato do mega computador estadunidense se aliar ao seu “irmão” soviético e ambos, com o poder das máquinas, escravizar totalmente os humanos. Mais ou menos como já está acontecendo, com nossos celulares e notebooks nos escravizando 24 horas por dia.

O toque nostálgico proporcionado por “Colossus 1980” é dos mais saborosos, propondo máquinas gigantescas que se comunicam com os humanos através de grandes displays, direção de arte que remete aos antigos seriado Batman da televisão, e até bons momentos de humor, como na cena que o cientista precisa convencer o computador da necessidade humana de fazer sexo quatro vezes por semana.

Curiosidade: algumas cenas do filme foram reutilizadas no seriado de TV “O Homem de Seis milhões de Dólares”.