EM DVD, “DA AURORA À MEIA-NOITE” ESCANCARA O EXPRESSIONISMO.

Por Celso Sabadin.
 
Conhecido como “Da Manhã à Meia-Noite” ou “Da Aurora à Meia-Noite”, o clássico alemão “Von Morgens bis Mitternachts”, de 1920, chega ao DVD pelo selo Obras Primas do Cinema.
Segundo longa de Karl Heinz Martin, o filme é – temática e esteticamente – um típico e legítimo representante do Expressionismo Alemão.
 
A cenografia explicitamente estilizada e distorcida, desobedecendo qualquer preceito de perspectiva, explode na tela (re)compondo a bizarrice da realidade pós Guerra ao lado das maquiagens e interpretações mais do que histriônicas. Os conceitos de culpa, morte e castigo correm soltos. Os contrates de luz e sombra (direção de fotografia de Carl Hoffmann, de “Dr, Mabuse” e “Os Nibelungos”) fazem uma festa macabra onde o escuro prevalece. Tudo se coaduna com a origem teatral do texto original, escrito pelo dramaturgo vanguardista Georg Kaiser, e adaptado para o cinema pelo próprio diretor.
 
O austro-húngaro Ernst Deutsch interpreta um caixa de banco que, motivado por uma sofisticada madame italiana (Erna Morena) decide roubar uma grande quantia em dinheiro do seu trabalho, abandonar a família e viver a vida. Pelo caminho, porém, ele encontrará várias personagens (todas interpretadas por Roma Bahn) que lhe imputarão, cada uma à sua maneira, grandes doses de culpa e remorso.
 
“Da Aurora à Meia Noite” é o segundo longa de Martin, diretor de teatro e cinema, que ainda dirigiria outros 14 longas até 1939, ano que marca o início da Segunda Guerra e a aposentadoria cinematográfica do diretor. O filme, de certa forma, acabou dando sorte aos seus três atores principais, que acabaram por desenvolver prolíficas carreiras no cinema e na TV alemães até os anos 1960.
 
O filme está na caixa Expressionismo Alemão volume 4.