EM “LAVRA”, É (QUASE) TUDO VERDADE.
Por Celso Sabadin.
Cada vez menos se justifica a diferenciação teórica entre documentários e ficções. “Lavra” é mais uma prova disso.
No longa, vemos (na verdade, mais ouvimos do que vemos) a jovem geógrafa Camila, nascida na cidade mineira de Governador Valadares, que sai dos Estados Unidos – onde morava – para documentar em filme a contaminação do Rio Doce pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana. Enquanto grava suas imagens e depoimentos, outra barragem se rompe, em Brumadinho, matando cerca de 300 pessoas e fazendo com que Camila se torne, mais que uma documentarista, uma testemunha da tragédia.
Detalhe: tal Camila geógrafa não existe. É ficção. Existe, sim, a atriz Camila Mota, que interpreta esta documentarista que entrevista os moradores das regiões afetadas pelos trágicos e criminosos rompimentos das barreiras mineiras.
Os entrevistados seriam ficcionais ou reais? Bom, aí eu também não sei. Mas todos sabemos que as tragédias foram e são reais. E, pelo jeito, outras ainda acontecerão, infelizmente.
Governador Valadares, Baguari, Território Krenak, Ouro Preto, Itabira, Paracatu de Baixo, Bento Rodrigues, Serro, Conceição do Mato Dentro, são algumas das cidades retratadas neste misto de ficção e documentário dirigido por Lucas Bambozzi e escrito por Christiane Tassis.
Após passar por festivais como o IDFA 2021 (Amsterdã), Hotdocs 2022 (Toronto), Festival de Cine de Lima e prêmios no Festival de Brasília e Mostra Ecofalante, “Lavra” estreou em 06 de outubro nas cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Aracaju, Salvador e Brasília.

