“EM NOME DA AMÉRICA” E A MENTIRA DA SOBERANIA NACIONAL.

Por Celso Sabadin.

Por mais incrível que possa parecer, nestes nossos tempos polarizados, ainda existe muita gente que desconhece os mecanismos pelos quais os Estados Unidos têm pacifica e intermitentemente invadido o Brasil, já há várias décadas, influenciando de forma determinante os nossos hábitos, a nossa política, a nossa educação e a nossa economia.

Neste contexto, é mais que bem-vinda a estreia de “Em Nome da América”, documentário que mostra a atuação do “Corpos da Paz”, um programa de “ajuda” norte-americana que a partir dos anos 1960 enviou ao nosso país milhares de jovens estadunidenses. Teoricamente, a missão destes rapazes e moças era auxiliar na missão beneficente que o então Presidente Kennedy classificou de “nossa responsabilidade de ajudar as repúblicas amigas”, em tudo o que fosse preciso. Algo muito vago, mas que tinha o objetivo certeiro de disseminar por aqui o tal “american way of life”. Aquele mesmo que faz os mais incautos acreditem que no sistema comunista quem tem uma casa de dois dormitórios será obrigado a dividi-la com quem não tem casa nenhuma.

De acordo com o filme, o programa Corpos de Paz era mais que uma porta de entrada escancarada para a atuação norte-americana em nosso país: era um verdadeiro tapete vermelho, por onde desfilavam desde jovens ingênuos que realmente vinham para cá acreditando que iriam mudar o mundo, até agentes da CIA preocupados com as ligas camponesas, passando por jovens que desejavam apenas fugir da convocação para a Guerra do Vietnã.  Em resumo, mais um golpe na nossa tão abalada soberania.

Incluindo depoimentos atuais dos estadunidenses que na época participaram do programa, “Em Nome da América” levanta um importante capítulo da nossa História que parece cada vez mais impossível de terminar.

A direção é de Fernando Weller, professor de Cinema na Universidade Federal de Pernambuco, aqui estreando no longa metragem. Estreou em 5 de abril.