EM “O ATAQUE”, EMMERICH DEITA E ROLA OUTRA VEZ.

Vixi Maria! Destruíram a Casa Branca duas vezes no mesmo ano. Pelo menos no cinema. Depois de “Invasão à Casa Branca”, lançado recentemente sem muito sucesso por aqui, agora é a vez do alemão Rolland Emmerich detonar o símbolo máximo do poder norte-americano.

Não se fala em plágio. A criatividade dos grandes filmes americanos anda realmente tão em baixa que não é mesmo o caso de imaginar algum tipo de espionagem industrial a respeito de uma ideia que, convenhamos, nem é tão genial assim. Claro que existem diferenças marcantes entre “Invasão à Casa Branca” e “O Ataque”: no primeiro, os vilões são os norte-coreanos; em “O Ataque”… ok, sem spoilers. Isso sem falar que a produção de “O Ataque” custou praticamente o dobro que a do seu antecessor, e que Emmerich é um dos diretores mais escolados em destruir grandes ícones do poder ocidental, como já vimos principalmente em “Independence Day”, imbatível no quesito.

“O Ataque”, assim como “Invasão à Casa Branca”, parece um “episódio perdido” de “Duro de Matar”. Em ambos os casos, temos a figura de um justiceiro solitário que, apenas com a sua incrível habilidade, consegue dar um jeito na situação, derrotando o que há de mais truculento e destrutivo em termos de tecnologia vilanesca. O exército de um homem só, no caso, é
John Cale (Channing Tatum), nome que até lembra o famoso John McClane, da franquia comandada por Bruce Willis.

Cale é um profissional dos mais capacitados, já lutou até no Afeganistão, mas tem problemas em dar continuidade e terminar as coisas que começa. Por isso, sua carreira profissional não é das melhores. Ao tentar um emprego na equipe de segurança do Presidente dos Estados Unidos (Morgan Fr… ou melhor, Jamie Foxx), ele, sua filha, e um bando de reféns ficam isolados dentro da Casa Branca, enquanto um poderoso grupo de revoltosos tenta derrubar o governo americano.

O que basicamente coloca “O Ataque” num patamar superior aos demais filmes do gênero é o estilo muito peculiar do diretor Rolland Emmerich. O genial alemão é um dos poucos com a sutileza necessária para escancarar o humor dentro das situações mais tensas, usando e abusando da caretice puritana da cultura norte-americana para satirizá-la. Sem que os próprios americanos percebam que o que Emmerich está fazendo é uma sátira, o que é ainda mais legal. Ou seja, a cultura americana acredita tanto nas bobagens que cria, que ela própria, ao se ver retratada comicamente numa tela de cinema, não percebe o viés humorístico da proposta do alemão.
Trocando em miúdos, teve gente (e não foram poucos) que levou a sério a patriotada de “Independence Day”, não percebeu o escárnio, e ainda acusou o filme de ser patriota demais. O mesmo acontecerá com “O Ataque”, e sua já clássica cena da garotinha agitando a bandeira nos jardins da Casa Branca.

De resto, como aventura, efeitos especiais, ritmo de ação, realização, diversão e entretenimento, é um prato cheiíssimo de pipoca.