EM PIQUE POLICIAL, “RISCO IMEDIATO” DISCUTE ÉTICA.

Por Celso Sabadin

Não é um filme que entrará na lista dos melhores do ano, muito menos que mudará sua vida. Mas é inegável que “Risco Imediato” estreia num momento oportuno, que discute em escala nacional os limites de uma palavrinha que anda meio difícil de ser definida: a ética.

A partir do livro “Good People”, escrito por Marcus Sakey e publicado em 2009, o roteiro de Kelly Masterson (o mesmo de “Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto”) conta a história do simpático casal Tom (James Franco) e Anna (Kate Hudson). Americanos, eles herdam uma casa em Londres e mudam-se para lá, cheios de vitalidade, energia e ótimas intenções para construir uma bela vida. Tudo é feito para o espectador se identificar com eles: beleza, simpatia, problemas financeiros, enfim, todos os artifícios necessários que o cinema conhece muito bem para transformar ilustres desconhecidos em nossos novos amigos de infância com menos de dez minutos de projeção. Empatia é tudo.

O problema começa quando Tom e Anna encontram uma mala cheia de dinheiro dentro da própria casa. Dinheiro que (1) está sendo procurado pela polícia e (2) eles sabem que é proveniente de crimes. Levantam-se a partir daí as tais questões éticas a que eu me referi no começo do texto. Você pegaria o dinheiro? Avisaria a polícia? Pegaria só uma parte? O que torna um dinheiro sujo: como ele foi obtido ou como ele será gasto?

O diretor dinamarquês Henrik Ruben Genz, neste seu primeiro filme destinado ao mercado internacional, opta por caminhos mais seguros e mais comerciais: não inventa, dá um tom aventuresco/policial à trama, e visivelmente busca o grande público. Não faz feio, mas deixa a desejar no quesito profundidade. Como entretenimento, “Risco Imediato” até que funciona bem, além do que é sempre bom ver Tom Wilkinson, aqui no papel do investigador.

Coproduzido por Estados Unidos, Inglaterra, Suécia e Dinamarca, o filme foi todo rodado na charmosa capital inglesa, o que sempre é um atrativo a mais.