“EM RUMO A UMA TERRA DESCONHECIDA”: FREE PALESTINE!
Por Celso Sabadin.
Nesta tristíssima época histórica em que os mais importantes líderes mundiais são coniventes ao se calarem diante do genocídio de Israel sobre o povo palestino, reveste-se de uma dramaticidade ainda maior o lançamento em nossos cinemas do premiado “Em Rumo a uma Terra Desconhecida”.
A produção é uma verdadeira força tarefa mundial, envolvendo Reino Unido, Grécia, Dinamarca, Países Baixos, França, Alemanha, Arábia Saudita, Catar e – claro – a Palestina. Interessante notar com o portal Imdb (empresa do grupo Amazon), provavelmente temeroso de sanções trumpianas, não reconhece a Palestina como país coprodutor do filme, preferindo creditá-la como “Território Palestino Ocupado”. Que vergonha!
O roteiro é de Fyzal Boulifa (inglês de ascendência marroquina), do próprio diretor do filme, Mahdi Fleifel (nascido num campo de refugiados palestinos no Líbano), e de Jason McColgan (ainda estou tentando levantar de onde ele é).
A história acompanha Chatila e Reda (respectivamente (Mahmoud Bakri e Aram Sabbah, ótimos!), dois primos palestinos refugiados na Grécia, sem documentos legais, que sonham montar um café na Alemanha. Enquanto vivem de pequenas contravenções, eles conhecem Malik (Mohammad Alsurafa), um garoto de 13 anos, totalmente solitário pelas ruas de Atenas, tentando sobreviver enquanto busca uma maneira de se encontrar com sua tia, na Itália.
Um mosaico sem fim de mazelas sociais potencializadas pelas intolerâncias religiosas, pelo predomínio absoluto dos interesses econômicos, pelo racismo e pelo incentivo às guerras proporciona as condições perfeitas para que este pequeno e excluído grupo humano caminhe a passos largos para o que parece ser a única saída viável para uma ruptura: a criminalidade. Ao deixar claro que não há caminhos viáveis para os oprimidos, a sociedade institucionalizada empurra os dois primos para o inevitável abismo que transforma pessoas comuns em seres desesperados e – consequentemente – agressivos.
Falando assim, pode até parecer que “Em Rumo a uma Terra Desconhecida” é um drama social. Sim, até é. Mas aposta suas fichas mais fortemente no suspense, gênero que utiliza como caminho mais contundente para atingir o dramático.
Angustiante e perturbador “Em Rumo a uma Terra Desconhecida” coleciona até o momento 54 indicações e 24 prêmios em festivais internacionais. A estreia é nesta quinta, 15/05.
Ah, ainda me incomoda quando a legenda em português traduz Alá como Deus.