EM VOD, “ESTÁS ME MATANDO SUSANA” ENTREGA MAIS DO QUE PROMETE.

por Celso Sabadin.

Não se deixe enganar pelo trailer: “Estás me Matando Susana” é bem mais que a simplória comédia romântica que o seu material promocional sugere. O ponto de partida é o famoso comportamento latino/machista que invariavelmente inunda de orgulho e autoestima os homens que a ele sucumbem. E também invariavelmente causam – a estes mesmos homens – os maiores problemas.

Eligio (o mexicano Gael Garcia Bernal, ator que dificilmente embarcaria num roteiro fraco) é um homem apaixonado pela sua bela Susana (a espanhola Veronica Echegui), mas que ao mesmo tempo não consegue resistir às outras belezas femininas que cruzam sua vida. Até o dia em que Susana se cansa, abandona o marido, e vai fazer um curso nos Estados Unidos. Ele vai atrás. E a partir do momento em que Eligio chega na terra de Trump, o filme expõe o seu verdadeiro (e mais interessante) objetivo: denunciar através da sátira e do humor o gigantesco e violento poço de preconceitos que os norte-americanos (entre outros) nutrem contra os mexicanos.

É quando aborda o abismo sociocultural entre os dois países que o roteiro (baseado no livro “Cidades Desertas”, de José Agustín) se torna mais consistente, mais crítico e até mais divertido. A direção do mexicano Roberto Snider (também produtor do ótimo “Frida”) é ágil e segura, o que muito contribuiu para proporcionar ao filme seis indicações ao prêmio Ariel (o principal do cinema mexicano) e mais quatro prêmios – incluindo o de Melhor Filme – no Pantalla de Cristal, o maior da capital mexicana.

Curiosidade: o título do livro que deu origem ao filme – Cidades Desertas – é uma referência crítica ao consumismo norte-americano, onde, segundo o livro, as ruas ficam desertas porque todos estão nos shoppings.

“Está me Matando Susana” estreou no Brasil em outubro de 2018 e está disponível em DVD e VOD, nas plataformas NOW, Looke, iTunes, VivoPlay e GooglePlay.