EMMA MACKEY BRILHA EM “EMILY”.

Por Celso Sabadin.

Quanto mais as mulheres conquistam seus merecidíssimos postos de roteiristas e diretoras no machista e complicado mercado cinematográfico, mais teremos filmes sobre os históricos e hercúleos esforços masculinos de sufocar os talentos femininos.

Assim como “Corsage” (que estreou no último 12/01), “Emily”, agora em sua segunda semana de exibição, também mostra a história real de uma mulher asfixiada pelos ditames do universo masculino.

O título se refere a Emily Brontë, escritora de um único, mas clássico livro: “O Morro dos Ventos Uivantes”. Coproduzido por Reino Unido e EUA, o longa investiga a trajetória de Emily, antes da publicação de sua obra: uma juventude marcada pelas eternas pressões sociais que cruelmente criam as mais diversas e perversas barreiras para o desenvolvimento criativo de uma jovem “de família”. Em um universo vitoriano em que tudo é proibido, a rebeldia intrínseca da protagonista é sufocada ao extremo, o que acaba atribuindo à garota os mais reacionários e destrutivos julgamentos.

“Emily” marca a estreia no roteiro e na direção da inglesa  Frances O´Connor, muito mais conhecida como atriz em mais de 40 trabalhos, entre eles o longa “I.A. – Inteligência Artificial” e a série “Sex Education”. Aqui, ela opta por uma narrativa clássica e tradicional, explorando com competência os conflitos internos   de sua personagem que se contrapõem poeticamente às belas amplitudes dos vastos campos britânicos.

No papel título, a francesa radicada na Inglaterra, Emma Mackey (que em breve estrelará “Barbie”), entrega uma intepretação vigorosa e magnética. Diria até, irrepreensível. Mas durante o filme inteiro eu só conseguia pensar que o papel deveria ser de Keira Knightley, mas que por algum motivo a produção não conseguiu fechar com ela. Viagens alucinantes de cinéfilo, sabe como é…

Indicado a quatro premiações no British Independent Film Awards, e vencedor do troféu de direção no Festival de Estocolmo, “Emily” está em sua segunda semana de exibição nos cinemas brasileiros.