EMMA THOMPSON E DUSTIN HOFFMAN ARRASAM EM “TINHA DE SER VOCÊ”

De vez em quando, algum produtor de Hollywood ainda se lembra que não são apenas os adolescentes que vão ao cinema. E decide criar um entretenimento digno para o público de meia idade. É o caso do emotivo “Tinha que Ser Você”, romance que deu a Dustin Hoffman e Emma Thompson indicações ao Globo de Ouro.

Ele vive Harvey Shine, um novaiorquino divorciado que viaja até Londres para o casamento de sua filha. E ela interpreta Kate Walker, uma solteirona inglesa que trabalha no aeroporto londrino. Sim, é claro que eles vão se conhecer e se apaixonar, mas saber disso não é o mais importante do filme. O que conta mesmo é saborear como tudo vai acontecer. E em que intensidade.

O filme é deliciosamente escrito e dirigido pelo inglês Joel Hopkins, praticamente um estreante. E a produção é supreendentemente norte-americana. O advérbio de surpresa vem do fato de que “Tinha de Ser Você” tem ritmo, humor, diálogos e tempero tipicamente britânicos. Ou seja, pelo visto deixaram o tal Hopkins trabalhar com liberdade. Bom para quem gosta de um filme dirigido sem pressa, onde os protagonistas tem tempo suficiente para seus diálogos, onde não há a necessidade de uma trilha sonora insistente e incessante. Bom para quem sabe apreciar os silêncios, os olhares e as sutilezas como expressões dramáticas, e para quem não se importa se o roteiro não trouxer nenhum momento bombástico ou pirotécnico.

“Tinha que Ser Você” é um belo romance maduro, para um público maduro, interpretado por um elenco maduro. Tanto que em determinados momentos chega a lembrar o clássico “Tarde Demais para Esquecer”, talvez como um tipo de homenagem ou referência ao antigo jeito de se fazer cinemão romântico. Emma Thompson está a maravilha de sempre, compondo seu personagem com um talento praticamente inigualável no cinema moderno. E Hoffman, que nos últimos anos havia ligado uma espécie de “piloto automático”, reencontra o frescor de seus trabalhos anteriores.

Sem explosões, tiroteios ou perseguições de automóveis, o filme teve apenas uma discreta bilheteria nos cinemas dos EUA, onde faturou US$ 15 milhões. Azar de quem perdeu.

Uma dica final: não vá embora do cinema assim que subirem os créditos finais. Restará ainda uma cena final envolvendo um serial killer polonês. Juro!