ENCANTADOR, “MINHAS TARDES COM MARGUERITTE” TRAZ POESIA E SENSIBILIDADE.

Gérard Depardieu é sem dúvida um dos atores mais atuantes do cinema. Segundo o site imdb, no momento em que esse texto é escrito (25 de maio de 2011), ele está filmando duas produções, cinco filmes em que ele atuou estão sendo editados, e mais dois estão em processo de pré-produção. São quase 180 longas finalizados em quase 45 anos de carreira.

Obvia – e infelizmente – a grande maioria destes trabalhos de Depardieu acaba não chegando ao nosso mercado. Assim, é mais que bem-vinda a estréia de “Minhas Tardes com Margueritte”, um filme doce e terno sobre a beleza e a profundidade que as relações humanas podem alcançar. Ou que, pelo menos, deveriam.

Ele interpreta Germain, um homem simplório, de poucos recursos intelectuais, mas de enorme coração. “Ler? Tentei uma vez e não deu muito certo”, afirma. Germain mora num trailer instalado no quintal de sua mãe, uma mulher problemática da qual ele não consegue se distanciar nem física nem emocionalmente. Quando questionado por que morar tão perto da mãe, ele diz que seu problema com ela fica dentro da cabeça. “De nada adiantaria se eu morasse no fim do mundo”, acredita.

A partir do livro de Marie-Sabine Roger, o belo roteiro se centraliza na relação entre Germaine e Margueritte (Gisèle Casadesus, atuante no cinema francês desde os anos 30), uma simpática nonagenária apaixonada por livros. Num banco de jardim, alimentando os pombos, ambos amenizam a solidão conversando … quem diria… sobre Albert Camus e dicionários.

“Minhas Tardes com Margueritte” fala das diferenças que, mais que atrair, complementam as pessoas. Fala das belas e simples coisas da vida e da morte, do amor e do abandono. Dirigido com sensibilidade e simplicidade por Jean Becker, o mesmo de “Conversas com Meu Jardineiro”, o filme tem a poesia, o calor e a ternura de uma tarde na praça alimentando os pombos.