ENFADONHO,”TRAPAÇA” DESTOA DOS SEUS CONCORRENTES.

Há várias semelhanças entre “O Lobo de Wall Street”, “Clube de Compras Dallas” e “Trapaça”, além deles concorrerem a uma baciada de prêmios Oscar. Todos os três são baseados em histórias reais, são ambientados entre os anos 70 e 80 e, cada um à sua maneira, discorrem sobre o mesmo tema: uma América forte, construída sobre as bases da fraude e da corrupção.

Entre estes três “indicados ao Oscar que se passam nos anos 70/80 baseados em casos reais sobre a construção de uma América podre”, o mais fraco é “Trapaça”. Já com seu letreiro inicial avisando que “Some of these actually happened” (ou seja, que somente “alguma coisa” do que o filme mostra realmente aconteceu), o roteiro fala de Irving Rosenfeld (Christian Bale, quase irreconhecível) e sua amante (Amy Adams, ótima), um casal de vigaristas que vive de aplicar golpes em incautos investidores. Tudo vai bem até o dia em que eles são pegos pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper) que, ao invés de prendê-los, passa a trabalhar com eles.

O excesso de diálogos pouco inspirados, a falta de direcionamento dramatúrgico de muitas cenas e a desinteressante construção dos personagens faz com que “Trapaça” destoe, negativamente, dos demais indicados deste ano. Méritos para a reconstrução de época e para a excelente utilização das músicas do período para a criação de clima, fatores que, por si só, não chegam a ser suficientes para manter o interesse pela trama.

Desta vez, o diretor David O. Russell ficou bem aquém de seus trabalhos anteriores “O Lado Bom da Vida” e “O Vencedor”.