“ESTAÇÃO LIBERDADE” VALE COMO EXERCÍCIO DE ESTILO.

O sempre muito fotogênico bairro paulistano da Liberdade é o pano de fundo geográfico e psicológico para “Estação Liberdade”, primeiro filme de ficção de Caíto Ortiz, que já havia dirigido dois documentários dignos de nota: Motoboys – Vida Louca, de 2003, e O Dia em que o Brasil Esteve Aqui, de 2005.

Após uma trágica e lírica imagem de um tsunami, a trama começa quando Mario recebe uma carta, escrita em japonês, e uma foto supostamente de um pai e um filho. A correspondência abala o rapaz, que visivelmente não conhece o idioma, embora seus traços sejam orientais. Perturbado, ela passa a agir de forma irresponsável, perdida, e se embrenha pelas misteriosas ruas do bairro da Liberdade, onde cruza (até literalmente) com estranhas criaturas da noite.

Visualmente, “Estação Liberdade” é um trabalho dos mais atrativos, com enquadramentos preciosos e um belo trabalho de fotografia noturna. A direção de Ortiz tem o talento de manter com firmeza e segurança um bom clima de mistério, e sabe como prender a atenção do público para um desfecho… dos mais fracos. Seria um grande filme, não fosse a fragilidade do roteiro, que se esvazia em seu final, deixando no ar uma sensação de vazio e frustração.

Vale como exercício de estilo.