“ESTRANHO PASSAGEIRO – SPUTNIK”: MISTURA RAZOÁVEL DE TERROR E FICÇÃO.

Por Celso Sabadin.

Vindo do curta metragem e do cinema publicitário, o diretor Egor Abramenko estreia no longa com “Estranho Passageiro – Sputnik”, misto de ficção científica, drama e horror premiado no Festival de Trieste e que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta, 21 de janeiro.
Em uma nave espacial soviética (a ação se passa em 1983), dois astronautas prestes a retornar à Terra são surpreendidos por um defeito técnico e por sons estranhos vindos de fora. Corta para a tragédia consumada, com a nave já pousada.
Neste contexto, a Dra.Tatiana Klimova (Oksana Akinshina), psicóloga de métodos pouco ortodoxos, é chamada pelo alto comando soviético para tentar desbloquear a amnésia que acometeu um dos astronautas, a única testemunha que poderia esclarecer sobre o ocorrido.
Num primeiro momento, fica bastante explícita a “citação”, “homenagem”, ou por que não dizer “premissa” baseada em “Alien, o Oitavo Passageiro”, mas a partir daí o filme segue seu próprio caminho, tendendo mais para o terror psicológico que propriamente para a aventura.
Com roteiro de Oleg Malovichko e Andrey Zolotarev (ambos premiados na Rússia, mas cujos trabalhos raramente chegam por aqui), “Estranho Passageiro – Sputnik” tem resultados irregulares. Se, por um lado, é eficiente na construção de climas de suspense e horror, por outro invariavelmente tem sua narrativa interrompida por longos diálogos que tentam explicar verbalmente a trama para os menos antenados, como se fosse, por exemplo, uma produção Netflix.
Selecionado para vários festivais internacionais de cinema fantástico, “Estranho Passageiro – Sputnik” (o nome não ajuda, né?) ainda envereda por alguns caminhos existenciais que tentam dar um verniz de seriedade à obra, mas em última instância acaba se constituindo basicamente em um entretenimento razoável.
Feito na Rússia, com estética estadunidense.