ESTREIAM “SUEÑO FLORIANÓPOLIS” E “TORRE”, DRAMAS INTIMISTAS E FEMININOS.

Por Celso Sabadin.

Dois filmes que dialogam intensamente entre si estreiam neste final de semana no circuito brasileiro: a coprodução franco-argentino-brasileira “Sueño Florianópolis” e o polonês “Torre – Um Dia Brilhante”. Curiosamente, ambos os filmes são dirigidos por mulheres, abordam dramas familiares que se desenvolvem em períodos de tempos finitos bem delimitados, e apoiam-se em densas narrativas minimalistas que fogem dos padrões convencionais do cinema comercial.

Dirigido pela argentina Ana Katz (de “Minha Amiga do Parque”), “Sueño Florianópolis” é ambientado nos anos 1990, período que o câmbio favorável fez com que milhares de argentinos descobrissem a capital de Santa Catarina como destino turístico. É neste contexto que um pequeno imprevisto une uma família de argentinos a uma família de brasileiros que aluga casas para turistas. Durante o curto período de duração das férias dos “hermanos”, surgem entre estes dois pequenos núcleos familiares várias tensões de relacionamentos que incluem atrações, desejos, traições, omissões, dúvidas e – principalmente – uma certa melancolia pelos caminhos nem sempre empolgantes que a vida nos oferece. O (muito) tênue fio narrativo que sustenta a história é compensado pelas boas interpretações do elenco (Mercedes Morán e Gustavo Garzó pelo “time” argentino, e Marco Ricca e Andréa Beltrão pelo lado brasileiro), mas é inegável que um pouco mais de consistência à trama faria bem ao filme.

Já “Torre – Um Dia Brilhante” procura compensar a rarefação do roteiro com uma direção que sugere – e apenas sugere – um clima de horror e suspense. Tudo acontece durante a festa de primeira comunhão de Nina (Laila Hennessy), uma menina que desconhece a verdadeira identidade de sua mãe biológica – Kaja (Małgorzata Szczerbowska) – ausente há seis anos. Por uma deferência especial da família, é permitido que Kaja compareça à festa de Nina, sob a condição de que o segredo da maternidade não seja revelado. Evidentemente, porém, a combinação de segredos familiares + reuniões festivas sempre tem efeitos explosivos no mundo do cinema. O que não será diferente em “Torre”, vencedor da mostra Forum no Festival de Berlim. A direção é de Jagoda Szelc, seu primeiro trabalho que chega ao circuito brasileiro.