“EU, ANNA” HONRA A TRADIÇÃO DOS SUSPENSES POLICIAIS BRITÂNICOS.

Um legítimo noir, na melhor tradição dos policiais britânicos, interpretado por dois grandes nomes do cinema europeu. A deliciosa experiência de mergulhar de cabeça num envolvente filme de suspense está garantida em “Eu, Anna”, estreia mais do que promissora de Barnaby Southcombe na tela grande. Após trabalhar por mais de 10 anos em seriados da televisão inglesa, Southcombe assina sua primeira direção cinematográfica já em grande estilo: seu “Eu, Anna” foi premiado nos festivais de Viareggio e Vancouver, além de conseguir exibição especial no prestigiado festival de Berlin.

A partir do livro homônimo escrito por Elsa Lewin em 1984, o próprio Southcombe desenvolveu o roteiro que fala de três pessoas que se encontram casualmente em Londres: Anna (Charlotte Rampling, ótima como sempre), uma mulher de meia idade que tenta amenizar sua solidão frequentando um clube de encontros para pessoas solitárias; Stevie (Max Deacon), um jovem revoltado com o descaso de seu pai sempre ausente; e Bernie (Gabriel Byrne, de “Os Suspeitos”), um introspectivo investigador de polícia.
A trama começa quando Bernie é chamado para investigar um assassinato num grande edifício residencial, cruza com Anna no elevador, e a partir daí começa a sonegar informações sobre o crime aos seus próprios companheiros de polícia. Por que? Como em todo bom suspense policial, as respostas só serão reveladas no final. E não é o que você está pensando.

Além dos protagonistas e de outros coadjuvantes importantes que aos poucos se incorporarão à trama, “Eu, Anna” ainda apresenta outro personagem marcante: a própria cidade de Londres. A boa pesquisa de locações aliada a um ótimo trabalho de direção de fotografia (assinado por Ben Smithard, de “Sete Dias com Marilyn”) transformam a capital inglesa num monumento árido, soturno e opressor, sublinhando ainda mais o traço mais característico da personagem-título: a solidão.

Além do filme em si, a equipe de “Eu, Anna” ainda dá uma pequena aula de como se deve fazer um trailer: instigante, mas sem contar a história do filme. Bem diferente das lambanças que muitos trailers têm feito por aí.