“EU TE LEVO” E OS DESVIOS DOS CAMINHOS DA VIDA.  

Por Celso Sabadin.

“Eu te levo” explora a conhecida situação dramática bastante utilizada em roteiros sobre dois protagonistas que a princípio não se suportam, mas aos poucos vão aparando suas arestas e percebem que podem se ajudar. Após a morte de seu pai, Rogério (Anderson Di Rizzi) resolve fazer um curso que o obrigará a viajar diariamente de Jundiaí a São Paulo. Um amigo de infância de Rogério pressiona que ele dê uma carona ao seu irmão mais novo, Cris (Giovanni Gallo), que também necessita fazer a mesma viagem todos os dias. Dentro do carro, o percurso parece interminável para ambos, que parecem nada ter em comum. Mas têm: um segredo. Nem Rogério nem Cris fazem esta pequena jornada diária pelos motivos que alegam. E nesta insatisfação mútua, um pode servir de apoio ao outro.

Insatisfação, aliás, é o tema central do filme. A morte do pai de Rogério é o gatilho que o faz perceber a mediocridade de sua vida. São sonhos abandonados e desvios de rotas que o levaram a traçar caminhos bem mais longos que o simples trecho de estrada que percorre diariamente. Aos 30 anos, Rogério percebe que andou todos este tempo em círculos. A questão é saber se ainda há tempo para fazer o retorno.

“Eu te Levo” marca a estreia do diretor Marcelo Müller, que coassina o roteiro com Iana Cossoy Paro. A produção é da Academia de Filmes, e o elenco ainda traz a presença sempre marcante de Rosi Campos.  Talvez falte um pouco de consistência dramática e narrativa ao longa, mas mesmo assim percebe-se um talento em potencial que poderá render bons frutos em trabalhos futuros.