“FALANDO GREGO” DIVERTE SEM COMPROMISSO.

A atriz, roteirista e produtora norte-americana de origem grega Nia Vardalos ganhou fama internacional (e muito, muito dinheiro) sete anos atrás, quando escreveu e protagonizou a comédia “Casamento Grego”. Satirizando os hábitos e costumes da colônia grega residente nos EUA, o filme obteve uma das melhores relações faturamento/custo da história, arrecadando nas bilheterias do mundo todo uma quantia 70 vezes superior aos US$ 5 milhões investidos em sua produção. Isso sem falar em home vídeo. Casamento Grego chegou a virar até seriado para TV, mas Nia não conseguiu mais repetir o feito em seus filmes posteriores.

Agora, na tentativa de se reencontrar com o sucesso, ela retorna à cultura do país que a consagrou: a Grécia. Na comédia romântica “Falando Grego”, Nia interpreta a inquieta Georgia, professora desempregada de História que tenta ganhar a vida como guia turístico, em Atenas. Ela sonha em ensinar aos seus turistas as maravilhas da História e da Cultura gregas, mas logo percebe que as pessoas por ali só querem um pouco de diversão rápida, sorvetes aos montes e comprar bugigangas em lojinhas de suvenir.

A partir desta frustração inicial, o roteiro do filme segue os cânones do “road movie” tradicional: durante uma excursão de quatro dias, tanto Georgia como sua estranha trupe de turistas entrarão num processo de desavenças, brigas, segredos revelados e reconciliações redentoras, das quais todos sairão melhorados como pessoas.

A trama começa como comédia, e aos poucos altera seu curso para o romance, com algumas pitadas de dramaticidade. Oferece diálogos divertidos e espirituosos (alguns intraduzíveis para o Português) e constroi sátiras ferinas contra determinados tipos humanos sempre presentes em ônibus de excursões. Quem já viveu a experiência, vai se identificar. De quebra, ainda traz uma forte crítica ao consumismo vazio, em pleno berço da Democracia e da Civilização Ocidental

Sem querer estragar o final do filme, chama a atenção o destino do personagem Ivy, vivido pelo sempre ótimo Richard Dreyfuss. Nitidamente, o que deveria acontecer após ele ter sido “buscado pela esposa” provavelmente foi rejeitado pelas famosas pesquisas de opinião e exibições-teste feitas antes da estreia do filme. Algo foi alterado e o destino de Ivy ficou dos mais truncados. Melhor não dizer mais, para não entregar o final, mas repare.

De qualquer maneira, o resultado é uma divertida “sessão da tarde” que pode não ser tão maravilhosa como as ruínas gregas, mas que oferece ao público um entretenimento digno, divertido, romântico, e em determinados momentos até emocionante. Ótimo para ver a dois.