FALTOU CONTEÚDO PARA “A PRINCESA DE NEBRASKA”.

Câmera na mão, planos fechados, tomadas intimistas em close, grandes momentos de silêncio, tempos estendidos… Estes elementos, que têm feito o sucesso do cinema oriental nos circuitos de arte de todo o mundo, estão fartamente presentes em “A Princesa de Nebraka”, do festejado diretor nascido em Hong Kong Wayne Wang (“O Clube da Felicidade e da Sorte”). Faltou, porém, um elemento essencial: uma história mais consistente a ser contada.

Tudo gira em torno de Sasha (a estreante Li Ling), garota chinesa que viaja de Nebraska a San Francisco para tentar resolver um grande problema: uma gravidez indesejada, fruto de um encontro fortuito. Ela balança entre o aborto e a venda criança, e em seu martírio de dúvidas pela cidade acaba encontrando algumas pessoas pelo caminho que podem ajudá-la nesta difícil decisão. Ou dificultá-la ainda mais.

A perda da inocência, a transição da adolescência para uma maturidade forçada, a garota obrigada a enfrentar uma gravidez num momento em que ainda escreve diários com figuras de bichinhos, solidão, choque cultural, todos estes temas e sub-temas abordados no filme não trazem exatamente nenhuma novidade nem para a obra de Wang, nem para o cinema de uma forma geral.

Produzido nos EUA, mas com estética de filme chinês, “A Princesa de Nebraka” é baseado num conto de Li Yiyun. Na língua inglesa, conto é “short story”. Na língua do cinema, talvez tivesse funcionado melhor como um “short” (curta).