FALTOU HUMOR EM “A FESTA DO GARFIELD.”

Produzido por Estados Unidos e Coreia do Sul para ser lançado diretamente em DVD, a distribuidora PlayArte resolveu ser mais otimista, e aposta que o desenho animado “A Festa do Garfield” possa render números razoáveis nas salas de cinema do Brasil.

Se render, será surpreendente, já que a trama que Jim Davis (o próprio criador do famoso gato) escreveu para o filme é das mais sonolentas. Ironicamente, o roteiro fala que Garfield, na véspera de se apresentar num show de talentos, percebe que está sem graça e que perdeu o bom humor. E que desta forma não conseguirá ser o grande vencedor do espetáculo, como vem acontecendo nos último anos. Ele sai então, ao lado do cão Odie, em busca de uma certa fonte mágica cujas águas tornariam qualquer um hilariante e divertido.

Bastante colorida, a animação enche os olhos e talvez consiga distrair as crianças menores. Em muitos momentos e na construção de alguns personagens, lembra muito “Jimmy Neutron”. O enredo, porém, é totalmente sem imaginação, desgastado e – pior – não faz rir, pecado imperdoável num desenho animado infantil.

Fazer de Garfield um gato falante que vive numa estranha cidade temática e que tem – ao lado do cão Odie – um teatro próprio para comandar os seus shows subverte totalmente a gênese do famoso personagem de Jim Davis. Personagem, aliás, que tem no mau humor uma de suas principais fontes de riso. Exatamente o mesmo mau humor que ele quer eliminar para vencer o concurso. Ou seja, nada no desenho “bate”, nada nesta conta fecha. Principalmente depois da “liçãozinha didática de moral” no fim, absolutamente dispensável e totalmente fora do que seria esperado do genial sarcasmo original de Garfield.

Seria melhor se os diretores e produtores do filme tivessem bebido da tal fonte mágica do bom humor.