“FANTASMA DO ESPAÇO” MISTURA FICÇÃO CIENTÍFICA COM O HOMEM INVISÍVEL.

Por Celso Sabadin.

Especialista em filmes de baixo orçamento, o diretor e produtor W. Lee Wilder foi um dos muitos a explorar o vasto filão da ficção científica barata dos anos 1950. Com as bombas atômicas lançadas sobre o Japão, no final de Segunda Guerra, abriu-se aos olhos do mundo a era ao mesmo tempo fascinante, misteriosa e aterrorizante da energia nuclear. E com certeza o cinema não poderia deixar esta vertente de lado. Principalmente num momento de grande afluência às salas de exibição e aos drive-ins, onde bilhões de ingressos eram comprados por um público cada vez mais ávido de diversão e entretenimento.

Sétimo longa produzido e dirigido por Wilder, “Fantasma do Espaço” (1953) é o típico filme simples, rápido, barato, feito para um público não muito exigente, e que mistura – com um certo humor involuntário – ficção científica e terror.

A história começa com o registro, por parte das autoridades, de um objeto voador não identificado extremamente rápido, que sai do Alaska e cai nas águas do Pacífico, próximo a San Francisco. Ao mesmo tempo, surgem relatos de um estranho homem vestido de escafandrista que mata duas pessoas e provoca um incêndio nas proximidades. Não será necessário pensar muito para perceber que os eventos estão relacionados.

“Fantasma do Espaço” bebe claramente na fonte de “O Homem Invisível” e de “O Dia em que a Terra Parou”, ao sugerir um alienígena não invasor e que, ao mesmo tempo, torna-se invisível em contato com a atmosfera da Terra. O filme segue a linha de outras produções de Wilder, com efeitos especiais de segunda linha, trama rasa, interpretações sofríveis e – o mais divertido – extensos diálogos tentando dar algum verniz de ciência e credibilidade à trama. Aqui, “ficamos sabendo,” por exemplo,  que o corpo humano é composto por carbono, e se um ser de outro planeta tiver o elemento carbono substituído por sílica, sob determinada atmosfera estranha a ele, este corpo poderia se tornar invisível aos nossos olhos.  É o que diz o cientista do filme. Pelo menos ele não receita cloroquina pra ninguém.

Chama a atenção também a quantidade de cenas onde algum personagem acende ou oferece cigarro a alguém. Mesmo nos momentos mais improváveis. Até na cena final alguém acende um cigarro e ainda joga o palito, apagado, sobre o corpo do alienígena.

Praticamente a mesma equipe de “Fantasma do Espaço” realizaria, no ano seguinte “Mundos que se Chocam” (veja a crítica no link abaixo), este bem mais tosco e mal acabado, inclusive aproveitando planos da produção anterior.

Mundos que se Chocam: https://www.planetatela.com.br/critica/mundos-que-se-chocam-e-riso-garantido-mesmo-sem-ser-comedia/