FASCINANTE, “UM MÉTODO PERIGOSO” DISSECA A MENTE HUMANA COM ESTÉTICA ASSÉPTICA.

Baseado no livro “A Most Dangerous Method”, de John Kerr, e em sua própria peça teatral, “The Talking Cure”, o escritor Christopher Hampton (nascido nos Açores) roteirizou o belo e inquietante “Um Método Perigoso”, dirigido pelo sempre polêmico cineasta canadense David Cronenberg (de “Senhores do Crime”).

A trama disseca um triângulo (não necessariamente amoroso) entre uma paciente e dois dos maiores psicanalistas da história: Jung e Freud. Baseado em fatos reais, “Um Método Perigoso” fala da russa Sabina Spielrein (Keira Knightley), atormentada por fortíssimos problemas psicológicos, que acabou se tornando uma das primeiras mulheres psicanalistas da história. Em torno dela, os dois grandes psicanalistas são encarnados por dois grandes atores: Jung é Michael Fassbender, de “Shame”, e Freud é Viggo Mortensen, de “O Senhor dos Aneis”.
É notável como Cronemberg cria uma ambientação limpa, cristalina, quase asséptica, para discutir temas dos mais obscuros da mente humana. O filme escancara uma fascinante dicotomia: externamente, não há um fio de cabelo fora do lugar. Barbas, louças, roupas e objetos de cena são milimetricamente estudados e iluminados, em contraposição aos escuros labirintos da mente, que incluem medos, traições e traumas dos mais insondáveis. Assim como qualquer quebra das convenções sociais também é permitida… desde que mantidas as aparências.

O abismo paradoxal aberto por Cronemberg é fascinante. Esteticamente, “Um Método Perigoso” vai na contramão de marcantes trabalhos anteriores do diretor, como “A Mosca” e “Videodrome” ou “Spider”.
O filme foi indicado a 11 prêmios Genie, o maior da indústria canadense, e ganhou 5.