“FASSBINDER: ASCENSÃO E QUEDA DE UM GÊNIO”, SEM MEDO DA TRANSGRESSÃO.  

Por Celso Sabadin.

Para fazer um filme biográfico sobre o cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder, o também cineasta alemão Oskar Roehler se apropriou do próprio estilo do seu objeto a ser biografado. Ou seja, Roehler mimetiza Fassbinder para falar de Fassbinder: estética assumidamente teatral, paleta de cores marcantes na qual se sobressaem o magenta e o verde, direção de fotografia densa e – como não poderia deixar de ser – o clima sempre pesado e fatalista que marca a carreira de um dos mais importantes diretores do cinema alemão em todos os tempos.

Fassbinder escreveu, produziu, encenou e montou dezenas de produções em uma curta carreira que representa fortemente o movimento que entrou para a história como o “Cinema Novo Alemão”. Em apenas 20 anos, foram mais de 40 filmes, 24 peças, três curtas e duas séries de TV. Tudo movido a muita criatividade, transgressão absoluta, toneladas de cocaína e noites intermináveis de um cineasta que – diz a lenda – sequer dormia.

Selecionado para as mostras competitivas do festivais de Cannes e Sevilha,  “Fassbinder: Ascensão e Queda de um Gênio” sugere um Fassbinder extremamente egoísta, possessivo e destrutivo enquanto ser humano, ainda que explosivo em genialidade em seus surtos criativos que lhe permitiram, por exemplo, realizar quatro longas metragens em um único ano (1975, por exemplo).

Fiel ao seu biografado, o longa não faz a menor questão de ser palatável, e certamente fala mais de perto aos cinéfilos mais familiarizados com a obra do famoso cineasta alemão.  Com roteiro do próprio diretor em parceria com Klaus Richter, “Fassbinder: Ascensão e Queda de um Gênio” já está disponível na plataforma Cinema Virtual.

 

31/08/2021