“FÉRIAS FRUSTRADAS” APOSTA NO HUMOR CONSTRANGEDOR.

Por Celso Sabadin.

Entre os anos 30 e 60 do século passado, o cinema e a televisão norte-americanos viveram sob o terrível peso do Código Hays, uma série de normas que censuravam a produção audiovisual daquele país, visando sempre a preservação da chamada “moral e bons costumes”.  Esta censura não existe mais há décadas, mas parece que o seu fantasma e o rastro do seu medo sobrevivem até hoje. Repare: até os dias atuais a grande maioria das comédias estadunidenses tenta – sem conseguir –  destilar ares mais liberais, ser politicamente incorreta, escrachar com mais intensidade… mas sempre acaba se retraindo. Simplesmente não consegue. É bem significativa a quantidade de comédias norte-americanas que vem há tempos seguindo a mesma fórmula: ensaia piadas moral e sexualmente mais, digamos, “ousadas” (para os padrões deles, claro), utiliza algumas doses de escatologia para tentar passar uma ideia mais “moderninha” (na cabeça dos norte-americanos, piadas de banheiro e vômito são coisas ultra-modernas), posa de liberal e descolada… mas até o final da trama parece que se arrepende e reserva para os minutos derradeiros as mais conservadoras lições de “moral e bons costumes”. Eles simplesmente não conseguem se libertar do Código Hays, e se antigamente a censura era oficial, hoje ela é econômica: o medo de que o excesso de ousadia e a falta das lições de moral espantem o conservador público (leia-se dinheiro) norte-americano é mais forte do que tudo. Como já disseram os personagens do recente longa ”Entourage”,  minimizar riscos amplia a covardia.

Todo este preâmbulo é para falar do novo “Férias Frustradas”. Trata-se da mesma formulazinha de sempre, abusando das situações cômicas que causam constrangimento dos protagonistas (pessoalmente não consigo rir de piadas que tem por objetivo apenas constranger), explorando de forma rasa as diferenças culturais, sexuais e etárias, além de, claro, lançar mão da escatologia, que o público de uma forma geral curte tanto. Ou seja, é um filme que faz a plateia rir de nervoso, e não exatamente pela comicidade, pela astúcia e/ou criatividade da construção das situações cômicas.

Há, porém, duas gags dignas de nota: o GPS coreano e o guia turístico suicida. É pouco. Muito pouco para um filme que pretende dar continuidade a uma franquia que tanto sucesso fez com as presenças de Chevy Chase e Bevery D´Angelo (que fazem aqui participações especiais).

Ah, sim, a história. Tem uma, sim: seguindo os passos de seu pai e esperando enriquecer a relação familiar, Rusty Griswold (Ed Helms),agora adulto, surpreende sua esposa, Debbie (Christina Applegate), e seus dois filhos (Skyler Gisondo e Steele Stebbins)  com uma viagem de carro cruzando o país com destino ao parque de diversão em família favorito da América: Walley World.