“FILHOS DO ÓDIO”, O RACISMO DE ONTEM E DE SEMPRE.

Por Celso Sabadin.

Ao contrário do que se poderia supor à primeira vista, “Filhos do Ódio” não é um filme sobre a família Bolsonaro. Até aborda temas relacionados, mas não é. Trata-se da cinebiografia de Bob Zellner (interpretado por Lucas Till), rapaz branco, filho de pastor metodista e neto de supremacista da Klu-Klux-Klan que, em plena Alabama dos anos 1960, decide lutar a favor da causa negra. O ódio que os racistas da região normalmente já despejam sobre os negros é potencializado ao extremo contra o rapaz, que faz o possível e o impossível para não esmorecer diante de uma luta tão desigual.

Confesso que, se eu tivesse assistido a este filme antes de 2018, eu tenderia a achá-lo um pouco exagerado. Mas vivenciando diariamente o caldeirão de ódio e intolerância em que nosso país se transformou com a ascensão da extrema direita ao poder, minha tendência agora e vê-lo como bastante realista. Impossível assisti-lo com indiferença, por mais que haja – aqui e ali – um ou outro recurso dramatúrgico que beire o melodramático, como o protagonista parar o carro para salvar uma tartaruga, por exemplo. Nada, porém, que tire a força dramática do longa.

Trata-se de uma obra, além de importante em sua denúncia, muito entristecedora, na medida em que escancara como o preconceito racial permanece firme e forte em nossa sociedade, ganhando novos contornos e mostrando-se fortalecido diante da crescente ignorância que prevalece nos mais variados pontos do planeta.

Com roteiro realizado a partir do livro “The Wrong Side of Murder Creek”, do próprio Zellner, o filme tem direção do inglês Barry Alexander Brown, montador de vários filmes de Spike Lee. O próprio Lee assina a produção executiva do longa.

“Filhos do Ódio” chega às plataformas digitais no dia 25 de junho, disponível para compra e aluguel na Claro Now, Vivo Play, Sky Play, iTunes/Apple Tv, Google Play e YouTube Filmes.