Flores Partidas

Um dos principais (talvez o principal) méritos e atrativos do ator Bill Murray é o seu divertido/enigmático ar de quem caiu na Terra por engano, e não sabe exatamente o que está fazendo neste planeta. Este inclusive foi um dos grandes destaques do filme Encontros e Desencontros, estrelado por ele. Porém, daí a construir um filme inteiro em cima disso já parece exagero. Mas foi exatamente o que fez o sempre supervalorizado diretor Jim Jarmusch, de Daunbailó e Uma Noite Sobre a Terra, entre outros.
Em Flores Partidas, Jarmusch conta a história do cinqüentão Don Johnston (Murray), solteirão convicto que acaba de ser dispensado por sua namorada (rápida participação de Julie Delpy). O fato parece não abalá-lo muito. Logo em seguida, Don recebe uma carta anônima revelando que ele tem um filho de 19 anos. A partir daí, estático como sempre, o personagem sai numa road trip através dos EUA, reencontrando velhas paixões e namoradas que poderiam, talvez, ser a mãe do garoto misterioso. Tudo muito morno, sem atrativos, num roteiro simples e linear que aposta na “não emoção” para contar uma história por sua vez também bastante frágil.
O próprio diretor/roteirista admite que escreveu o filme especialmente para Murray, e certamente tentou tirar dele o máximo de sua marca registrada relatada no início deste texto. Pode até ter conseguido, mas não em proporções suficientes para transformar Flores Partidas num bom filme. Curiosidade: a última pessoa que aparece na tela – um garoto dentro de um fusca – é Hommer Murray, filho de Bill Murray na vida real. Piadinha particular do diretor feita pra quase ninguém entender.