“FOGO CONTRA FOGO” RELEMBRA A LUTA SUL-AFRICANA.

Por Celso Sabadin.
 
É sempre bem-vinda a chegada aos nossos cinemas de filmes produzidos em países que saiam do famoso circuitão EUA/França e similares. Cinematografias, digamos, “alternativas” costumam dar uma arejada nas estéticas e narrativas convencionais às quais nos acostumamos por aqui.
 
Aproveitando o Dia da Consciência Negra, chega aos cinemas brasileiros (ainda que com três anos de atraso, mas tudo bem) o drama racial sul africano “Fogo Contra Fogo”, sobre a história verdadeira de Solomon Kalushi Mahlangu, nome ligado à luta contra o regime racista do Apartheid daquele país.
 
Salomon era um jovem vendedor ambulante que, atraído pelo o movimento de libertação sul africano, acaba se engajando com unhas e dentes na luta contra a opressão racial, nas proximidades de Pretória. Quando ele e seus companheiros são abordados pela polícia durante uma missão, Solomon sofre recebe injustamente duas acusações de homicídio, e passa a ter que provar sua inocência e lutar por sua vida. O filme se desenrola então em ritmo de um grande flash back desenvolvido durante o julgamento do protagonista.
 
Provavelmente para difundir sua mensagem de luta e liberdade para o maior número de pessoas possível, “Fogo Contra Fogo” opta pela estética das grandes aventuras biográficas produzidas pelo cinema comercial, com direito a bons momentos de suspense, narrativa tradicional, construção clara do arquétipo de herói e mensagem edificante. É competente no que se propõe a fazer, e eficiente ao relembrar e difundir a causa sul-africana, tão “em moda” na época de Nelson Mandela, mas que parece meio esquecida – midiaticamente falando – nestes tempos em que o mundo parece pender apenas para o lado direito.
De produção caprichada, “Fogo Contra Fogo” peca apenas pela sua onipresente e excessiva trilha sonora, mas chega ao cinemas em momento mais do que apropriado.
Uma curiosidade: quebrando os tabus colonialistas que tanto imperam no mercado cinematográfico, Thabo Rametsi, segundo o site Imdb, é o primeiro ator sul africano a verdadeiramente interpretar um líder racial sul africano. Os demais foram norte-americanos, ingleses, etc…