“FONTE DA JUVENTUDE” MOSTRA QUE O BRASILEIRO ESTÁ MORRENDO PELA BOCA.

Por Celso Sabadin.

Não falta alimento no mundo. E não há previsão de que venha a faltar. Existe, sim, um gigantesco desperdício de cerca de 1/3 de tudo que é produzido. Segundo a FAO, órgão das Nações Unidas para o setor de alimentação e agricultura, só o que a Europa joga no lixo daria para alimentar toda a África.

Esta é apenas uma das preciosas informações contidas no documentário brasileiro “Fonte da Juventude”, que estreia nesta quinta, 29/06, com exclusividade nos Espaço Itaú Frei Caneca e Botafogo, respectivamente em São Paulo e Rio.

Com narrativa clássica e tradicional, o filme aborda várias questões referentes aos problemas alimentícios mundiais de maneira geral e brasileiros em particular. Cita que a epidemia de obesidade já ultrapassa 1/3 dos brasileiros, e lembra que a doença (sim, obesidade é uma doença) mata tanto quanto a fome. Fala das regiões consideradas “desertos alimentícios”, ou seja, lugares onde é necessário se locomover por mais de 400 metros para encontrar algum ponto de venda de comida “in natura”. E não estamos falando de desertos inóspitos, e sim de grandes cidades repletas de locais que disponibilizam vários tipos de produtos industrializados, mas onde não se encontram quitandas ou vendas que ofereçam uma banana sequer.

“Fonte da Juventude” revela que, segundo o IBGE, mais de 60% das crianças brasileiras de zero a dois anos consomem doces, fato que ocasionará grandes problemas de saúde num futuro bem próximo. E mostra como a desinformação está na base de todo este perigoso cenário. Tudo isso, somado aos novos hábitos de uma sociedade que colocou a carreira profissional na frente dos cuidados familiares, faz com que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, tenhamos chegado à primeira geração de crianças com expectativa de vida menor que a de seus pais.

Não se trata, porém, de um documentário gratuitamente alarmista.  O roteiro de Estevão Ciavatta, também diretor do filme, mostra que há saídas, infelizmente ainda implantadas de maneira tímida. Entre elas, a agricultura de produtos orgânicos, que atualmente ocupa 1milhão de hectares da área cultivável brasileira, contra 17 milhões da Austrália, por exemplo.

As informações de “Fonte da Juventude” são transmitidas através de depoimentos como o de José Graziano, diretor-geral da ONU para Agricultura e Alimentação; de Gisela Solymos, psicóloga responsável pelo Centro de Recuperação e Educação Nutricional; Maria Eduarda, nutricionista do INCA; o chefe de cozinha Alex Atala; a culinarista e apresentadora Bela Gil, entre vários outros.

Como cinema, é convencional. Como alerta, é obrigatório.