FORÇA DO ELENCO MARCA A EXASPERANTE VIAGEM DE “ÉDEN”.

Por Celso Sabadin.

Dentro do samba do crioulo doido que é o sistema de distribuição cinematográfica brasileiro (com todo o respeito aos crioulos doidos), estreia neste final de semana o instigante drama urbano nacional “Éden”, pronto já há cerca de quatro anos, e que só agora consegue um espaço no nosso circuito exibidor, como sempre, dominado pelos blockbusters. A trama aborda a trajetória de Karine (Leandra Leal, ótima como sempre), uma jovem grávida desesperada com o assassinato de seu marido. O desespero faz com que seu irmão (Julio Andrade) a leve para uma igreja evangélica comandada pelo Pastor Naldo (João Miguel, também ótimo no papel). É ali que Karine viverá um outro tipo de desespero.

“Éden” é dirigido por Bruno Safadi (o mesmo de “Meu Nome é Dindi” e “Belair”), seguidor assumido de Sganzerla e Bressane. Ou seja, nada de soluções fáceis, caminhos previsíveis, personagens planos ou estética preguiçosa. Felizmente. Trata-se de uma obra sobre expectativas não realizadas, sobre os vários “quases” pelos quais passamos na vida. É muito mais um filme sobre o caminho que sobre a chegada, onde enquadramentos inquietantes saltam aos olhos ao mesmo tempo em que um notabilíssimo trabalho de sons, músicas e ruídos envolvem os ouvidos e os sentimentos.

Para ver de olhos, ouvidos e – principalmente  – de sensibilidades bem abertos.