“FOTOGRAFAÇÃO” E A FASCINANTE HISTÓRIA DAS IMAGENS.

Por Celso Sabadin.

A proposta é das mais interessantes: traçar um panorama histórico sobre a fotografia brasileira desde seu surgimento até os dias atuais, destacando os nomes dos seus principais profissionais, e chegando até o impacto das novas tecnologias e da fotografia digital na sociedade contemporânea.

O documentário “Fotografação”, dirigido por Lauro Escorel (com roteiro dele mesmo em parceria com Evaldo Mocarzel), até cumpre com louvor uma boa parte do proposto, mas não raro acaba escorregando por uma espécie de “autodocumentário”, onde o diretor preocupa-se mais em ressaltar a si próprio.

Claro, não há dúvidas que Escorel é um dos maiores diretores de fotografia do país, tendo atuado em filmes de Leon Hirszman, Cacá Diegues e Hector Babenco, entre muitos outros, mas em vários momentos seu documentário acabou ficando com um marcante sabor de ego trip. Relevando-se este enfoque, “Fotografação” tem também seu lado encantador e historicamente importante ao apresentar imagens de encher os olhos registradas pelos primeiros fotógrafos a atuarem no Brasil, ainda no século XIX, como Marc Ferrez e Augusto Malta, pelos registros fotográficos de Mário de Andrade, sem deixar de lado experiências mais recentes, como as de Hildegard Rosenthal, José Medeiros, Marcel Gautherot e Pierre Verger.

“Busquei  valorizar  o trabalho  daqueles  fotógrafos que nos ajudaram a construir a imagem do país que trazemos conosco, valorizando seu olhar humanista”, comenta Escorel, que procurou elos entre os fotógrafos e suas imagens, para construir  sua narrativa e selecionar os que seriam abordados no filme.

Exibido no 24º Festival Internacional de Documentários – É Tudo Verdade 2019, “Fotografação” é um prato cheio não apenas para os fãs de fotografia como também para todo aquele se se interessa pela fascinante história das imagens durante o século 20.