“FOURTEEN”, UM PEQUENO GRANDE FILME SOBRE AMIZADE.

por Celso Sabadin.

Pequenas histórias cotidianas e sinceras narradas com simplicidade e emoções verdadeiras. Assim pode ser definido um tipo de filme bem característico que, de uma forma geral, convencionou-se colocar na prateleira de “Cinema Americano Independente”. O gênero (ou subgênero, ou estilo, como queiram) ganhou evidência lá pelos anos 1980 e 90 como um contraponto ao cinemão comercial dos EUA que dava sinais de (muito) cansaço com suas explosões, perseguições, mega orçamentos e violentos atos de heroísmo inspirados pelos truculentos anos da Era Reagan.

“Fourteen”, lançado agora, encaixa-se confortavelmente nesta rotulação de Cinema Americano Independente. Intimista, quase minimalista, o filme conta basicamente como interagem, nos dias atuais, as amigas Mara (Tallie Medel) e Jo (Norma Kuhling), que se conheceram na adolescência e que ainda mantém contato na vida adulta, a despeito de serem bem diferentes entre si. Mara, mais equilibrada, busca forças e tempos para ajudar Jo, cujos conflitos internos a tornam uma eterna irresponsável em relação a prazos e compromissos. Em comum entre ambas uma grande dificuldade em encontrar relacionamentos estáveis. Além, claro, da vida urbana nova-iorquina, outro grande sinalizador do chamado filme independente.

Tempos estendidos, direção sóbria, interpretações das mais naturalistas, grandes elipses, o retrato de um cotidiano de poucas surpresas e nada glamuroso. São estes elementos, geralmente mais relacionados ao estilo europeu de se fazer cinema, que tornam “Fourteen” um belo pequeno grande filme sobre amizade em tempos difíceis. Roteiro e direção de Dan Sallitt, um bacharel em matemática e ex-crítico que resolveu fazer cinema.