“FUNCIONÁRIO DO MÊS” E A INCRÍVEL TRAJETÓRIA DE UMA GIGANTESCA BILHETERIA.

Por Celso Sabadin.

A comédia “Funcionário do Mês” chega ao circuito brasileiro com o aval de ser a maior bilheteria de um filme italiano na história do cinema daquele país. Todo cuidado é pouco. Afinal, sucesso de público – tanto lá como cá – está longe de ser sinal de qualidade cinematográfica. Leandro Hassun que o diga. Isso não significa necessariamente que “Funcionário do Mês” seja ruim, mas tampouco deve se ir com sede ao pote que ele oferece. Expectativas exageradas poderão frustrar seu programa.

Tudo gira em torno de Checco (Checco Zalone) uma espécie de caricatura (ou seria realidade?) daquilo que se convencionou  chamar de italiano típico: quase quarentão, solteirão, mora com os pais, e amparado pela tranquilidade de um estável emprego público. Tudo começa a ruir, porém, quando uma reforma política ameaça sua estabilidade profissional, e Checco passa a sofrer sucessivas transferências no trabalho, na obsessão de tentar manter sua tão querida dolce vita.

O rapaz terá de “rever seus conceitos”, como dizia a propaganda daquela montadora italiana de automóveis, e será justamente sobre esta revisão de estilo de vida que o roteiro busca suas gags. Ao tomar contato com outras formas de cultura, o protagonista percebe as limitações dos horizontes sobre os quais alicerçou a mediocridade de sua trajetória, e é neste viés que o filme traz vários pontos de intersecção com a maneira brasileira de ver o mundo, até em função das inúmeras similaridades das nossas culturas latinas.

Mas calma aí: tudo isso lembrando que acima de tudo “Funcionário do Mês” é uma comédia feita para se comunicar com o maior público possível, com todas as concessões mercadológicas que este conceito implica.

 

A dupla formada pelo ator Checco Zalone e pelo roteirista e diretor Gennaro Nunziante é um fenômeno de público local. Em 2011, com “Che Bella Gornatta” (inédito no Brasil), eles quebraram o recorde de maior bilheteria de uma produção italiana dentro da própria Itália, que pertencia ao premiado “A Vida é Bela” desde 1997. Dois anos depois, com “Sole a Catinelli” (também inédito por aqui) eles quebraram seu próprio recorde. E agora, em 2016, Zalone e Nunziate chegam novamente ao topo da tabela, faturando com “Funcionário do Mês” invejáveis 65 milhões de euros. No momento, as três maiores bilheterias domésticas do mercado italiano em todos os tempos levam a assinatura da dupla.

Interessante notar que todo este sucesso teve início em 2006, quando Zalone, como cantor, lançou no mercado uma despretensiosa canção de temática futebolística chamada “Siamo uma squadra fortissimi”, que acabou se transformando num grande sucesso nacional exatamente naquele ano em que a Itália venceu a Copa do Mundo.

Avnti, azzurra!